terça-feira, outubro 04, 2016

IMAGINÁRiO #630

José de Matos-Cruz | 08 Outubro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

CONFLITOS
Em tempos, a DC anunciara o lançamento, pela vertente Vertigo, de abordagens do escritor Garth Ennis sobre os autênticos horrores da II Guerra Mundial. Enfim, apresentou War Story: Screaming Eagles (2001) - com ilustração de Dave Gibbons, o lendário criador de Watchmen.
Como se presume, eis um impressionante testemunho sobre as mitificadas façanhas bélicas, cuja revelação dificilmente será esquecida. Tudo começa com um antigo combatente, ainda obcecado por esses dias de fúria e demolição. Os seus filhos e netos sempre quiseram saber o que realmente se passou, como sobreviveu, e do que foi ele precária testemunha ou protagonista eventual. Então, e escutado com a maior atenção, conta-lhes uma história. Sobre a Europa devastada, e um bravo sargento que recebe ordens para, com os que restam dos seus homens dizimados, fiscalizarem um castelo remoto, em plena frente germânica. Ali, encontram um fantástico tesouro de bens e valores espoliados pelos nazis, algo que nunca teriam imaginado, durante os selváticos combates que vinham travando. Porém, saberiam agora resistir à mais terrível ameaça - a cobiça humana?
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CALENDÁRiO

µ08JUL-25SET2016 - Em Coimbra, Centro de Artes Visuais/CAV apresenta Suspension of Disbelief - exposição de fotografia e vídeo (2009-2016) de António Júlio Duarte, sendo curador Sérgio Mah.

¸07FEV1946-13JUL2016 - Héctor Eduardo Babenco, aliás Héctor Babenco: Cineasta nascido na Argentina, naturalizado brasileiro (1977) e realizador de O Beijo da Mulher-Aranha (1985) - «Contento-me em ser uma pessoa não resolvida, porque acho que, das minhas imperfeições, ainda sairão coisas interessantes». IMAG.398

¸14JUL2016 - NOS Audiovisuais estreia A Canção de Lisboa (2016) de Pedro Varela; com Miguel Guilherme e César Mourão.

µ15JUL-04SET2016 - Em Monsaraz, igreja de Santiago - Galeria de Arte apresenta Imagens de Uma Vida - exposição de fotografia de João Cutileiro, integrada no âmbito da Bienal Cultural Monsaraz Museu Aberto 2016. IMAG.68-532-563-577-579-594

¢21JUL-10SET2016 - Em Lisboa, Casa da Liberdade - Mário Cesariny apresenta Agora Na Ágora - exposição centrada na obra plástica e musical (1991-2016) de Carlos “Zíngaro”, sendo curador Carlos Cabral Nunes. IMAG.247-416-430-448-466

23JUL-25SET2016 - Na Cidadela de Cascais, Casa do Cartoon expõe Cartoons de Augusto Cid - em retrospectiva entre 1993 e 2012. IMAG.45-197-252-279-292-429

¢21JUL-25SET2016 - Em Lisboa, Galerias Municipais apresenta Underground Cinemas & Towering Radios - exposição de escultura, vídeo, som, fotografia, serigrafia e desenho de Ângela Ferreira, sendo curadora Ana Balona de Oliveira. IMAG.427-577

¢29JUL-16OUT2016 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Kadeiras - exposição/instalação de Dário Vidal. IMAG.388-431-451-454-481

ANUÁRiO

1905 - Em Paris, Mata Hari exibe-se como bailarina exótica a convite de Émile Guimet, famoso coleccionador de arte oriental, perante convidados ilustres - aristocratas, milionários, diplomatas, militares e políticos - convertendo-se em símbolo sexual, fascinante e misterioso, mas recusando-se a destapar os seios, supostamente porque fora mordida por um tigre no mamilo esquerdo, quando era favorita num templo brâmane.

MEMÓRiA

09OUT1907-1982 - Jacques Tatischeff, aliás Jacques Tati: Cineasta francês de origem russa, criador de Sr. Hulot - «Uma das vantagens das boas acções, é que nos engrandecem a alma e predispõem-nos à realização de actividades ainda mais gratificantes». IMAG.225-371-393

1885-09OUT1967 - Emile Salomon Wilhelm Herzog, aliás André Maurois: Romancista, historiador e ensaísta francês - «A morte não pode ser pensada, pois é ausência de pensamento. Temos de viver como se fôssemos eternos». IMAG.524

¯10OUT1917-1982 - Thelonious Sphere Monk, aliás Thelonious Monk: Pianista americano, compositor de jazz - «Costumo dizer, toca à tua maneira. Não toques como o público gosta. Prefere o teu próprio estilo, e deixa que as pessoas acabem por apreciar o que fazes - mesmo que demore quinze ou vinte anos». IMAG.585

1876-15OUT1917 - Margaretha Geertruida Zelle, aliás Mata Hari: Dançarina exótica, aventureira, natural dos Países Baixos, fuzilada por espionagem, como agente dupla de França e da Alemanha - «Foi vítima de um erro judicial. Tinha culpa de ser imoral, uma mulher livre» (Philippe Collas). IMAG.35-93-573



BREVIÁRiO

¨ Assírio & Alvim edita Almada [Negreiros - 1893-1970]- Os Painéis, a Geometria e Tudo (com entrevistas) de António Valdemar. IMAG.84-135-154-173-224-278-292-305-371-413-498-547-561-579-612

¨ Quetzal edita A Zona de Interesse de Martin Amis; tradução de José Vieira de Lima. IMAG.157-313

¯Sémele edita em CD, sob chancela Aeon, Tristan Murail: Le Partage des Eaux - Contes Cruels - Sillages por BBC Symphony Orchestra e Netherlands Radio Philharmonic, sob a direcção de Pierre-André Valade. IMAG.629

¨Assírio & Alvim edita A Sombra do Mar de Armando Silva Carvalho. IMAG.136-338

¯Universal edita em CD, sob chancela Deutsche Grammophon, The French Collection por Piotr Beczala, com Orchestre de l’Opéra National de Lyon, sob a direcção de Alain Altinoglu.

¨ Relógio D’Água edita Hamlet de William Shakespeare (1564-1616); tradução de António Feijó. IMAG.25-26-33-66-79-92-110-131-141-146-164-179-188-193-198-199-202-232-239-322-326-342-366-377-387-404-410-415-443-457-464-471-495-499-531-533-559-561-581

Gradiva edita A Era do Deslumbramento de Richard Holmes; tradução de David Gaspar.

TRAJECTÓRiA

MATA HARI

Margaretha Geertruida Zelle - de nome artístico Mata Hari (ou Olho da Madrugada em malaio), como bailarina exótica - nasceu em Leeuwarden, a 7 de Agosto de 1876. Ainda adolescente, estudou várias línguas, mas teve que lutar pela sobrevivência - pois o pai, um desafogado chapeleiro, abandonou a família calvinista, e a mãe, de origem javanesa, faleceu pouco depois. Após tentativa como professora, em 1895 formalizou um casamento por correspondência com um capitão mais velho, que a maltratava, viveu vários anos nas Índias Ocidentais, e teve dois filhos. Por volta de 1900, divorciada, radicou-se para Paris, onde posou como modelo de pintores e fotógrafos - outrora, seria princesa indonésia ou favorita num templo sagrado de Bali - e logrou notoriedade, a partir de 1905, exibindo-se em danças orientais. Com o tempo, tornou-se cortesã e favorita de influentes personalidades militares e políticas, circulando entre Milão e Berlim. Em 1915, residia na Haia, conhecendo privações em plena Guerra Mundial. De regresso a Paris, investiu nos talentos que a converteram em símbolo erótico, pela sensualidade e mística de um fascínio misterioso, como mulher fatal. Em 1917, foi envolvida numa acusação de espionagem enquanto agente duplo H-21, ao serviço da Alemanha e de França, responsável pela morte de milhares de soldados. Condenada à morte por traição, foi executada em Paris, a 15 de Outubro de 1917. Segundo a lenda, e pouco antes, soltou os lábios num beijo ao pelotão de fuzilamento, cujos membros estariam de olhos vendados, para não sucumbirem aos seus encantos. Em tribunal, ela havia proclamado a sua inocência. À época, Mata Hari terá sido a ingénua e ideal vítima pública - porque a parte vulnerável, ostensiva e manipulável - duma encenação oficial, destinada a atenuar os efeitos do Caso Dreyfus, ou a encobrir outros crimes e escândalos, por culpados impunes e sempre influentes. Em 1932, Greta Garbo imortalizou-a em grande ecrã. Já em 2001, a Holanda solicitou ao Governo gaulês uma reabilitação oficial.

JACQUES TATI

Mais de trinta anos passados sobre a morte de Jacques Tati (1907-1982), persiste um estilo de humor crítico, amável, com a ressurreição em pequeno ecrã, ou voltando ocasional aos rituais na tela - após uma prévia divulgação ampla, por meados da década de ’70, a qual permitiu atrair as jovens gerações e consolidar o prestígio de um dos mais versáteis criadores cómicos. Génio do cinema europeu, com um olhar satírico à vivência americana, tudo se consumou na personalidade excêntrica, solitária e silenciosa do Sr. Hulot. Eu estranhava as suas meias às riscas, o lacinho e aquele chapéu ridículo, mas fascinava-me por fumar cachimbo. Francês de origem russa, nascido Jacques Tatischeff em Pelq, adolescente desportista e artista de music-hall, Jacques Tati abrilhantou várias curtas metragens em 1932-1946, modalidade que escolheu para lançar-se como realizador (L’École de Facteurs, 1947). Depois, Há Festa Na Aldeia (1949), As Férias do Sr. Hulot (1953), O Meu Tio (1958), Play Time - Vida Moderna (1967), Trafic - Sim, Sr. Hulot (1971)…
Fanático da montagem, perdulário durante a rodagem, a partir de uma rigorosa planificação visual, Jacques Tati despediu-se com Parade em 1974. 

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