terça-feira, setembro 27, 2016

IMAGINÁRiO #629

José de Matos-Cruz | 01 Outubro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

TECNOLOGIA
A consolidação do DVD em Portugal constituiu o fenómeno cinematográfico mais significativo, pelo ano 2000. Para tal contribuiu um expressivo incremento editorial - sobre filmes clássicos e modernos, susceptíveis de agradarem a todos os públicos - além das mais-valias a curto e longo prazo: melhores som e imagem, conteúdos adicionais, qualidade de conservação… e menor ocupação na prateleira.
Quanto ao panorama de estreias, acentuou-se o prodígio tecnológico em grandes espectáculos, revitalizando embora a componente artística. Se tais aspectos caracterizam a estratégia de produção, sob o signo de Hollywood, reflectem também uma adequação a mecanismos uniformes quanto ao audiovisual - com um sugestivo vínculo entre a tradição e a vanguarda, o estilo e a sofisticação, o desempenho e a temática. Ao envolvimento imaginário e animatográfico correspondeu ainda, em termos criativos ou lúdicos, uma expressiva conversão sonora e melódica. Numa realidade cada vez mais virtual, transfigurada, é também curioso - por cá - o triunfo da palavra: em radical exposição narrativa, com o ecrã a negro (Branca de Neve - João César Monteiro), ou celebrando quem a tornou soberana (Palavra e Utopia - Manoel de Oliveira).

CALENDÁRiO

26MAI-29SET2016 - Em Lisboa, Museu Bordalo Pinheiro apresenta Diálogos Imaginados - Rafael Bordalo Pinheiro [1846-1905] e Paula Rego, sendo comissário Pedro Bebiano Braga. IMAG.11-13-22-31-32-43-59-77-98-115-197-199-205-208-236-242-246-258-269-304-325-342-351-357-364-365-370-381-399-416--464-486-489-499-515-517-518-545-555-571-596-597-615-621

1940-04JUL2016 - Abbas Kiarostami: Poeta, fotógrafo e cineasta iraniano, argumentista, produtor e realizador de Através das Oliveiras (1994) - «Existe violência na vida real, mas eu nunca imporia a violência num filme, apenas para atrair público… Em minha opinião, a violência nunca pode justificar-se». IMAG.287

04JUL-28SET2016 - Em Lisboa, Centro Comercial Colombo apresenta Faces of the Stars - exposição de fotografia de Terry O’Neill (GB), sobre de ícones lendários do Século XX, incluindo músicos, actores e outras figuras ilustres.

1925-08JUL2016 - João Ribeiro: Fotojornalista português, detentor da carteira profissional n.º 1 e sócio mais antigo do Sindicato dos Jornalistas - «Revolucionou o Portugal sentado, humanizou a fotografia» (Inácio Ludgero).

09JUL-09OUT2016 - Em Cascais, Fundação D. Luís I expõe, na Casa de Santa Maria, Agatha Ruiz de la Prada em Portugal.

09JUL-31OUT2016 - Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian - Colecção Moderna apresenta Eu Não Evoluo, Viajo - exposição de desenhos, recortes e ilustrações de José Escada (1934-1980), sendo curadora Rita Fabiana. IMAG.392-486-537-569

15JUL-18SET2016 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta A Gota e o Ponto - exposição de fotografia de Luiza Menescal (Brasil). 

GALERiA
Agatha Ruiz de la Prada
É um mundo jovem, alegre, livre, transgressor e imensamente criativo que, nascido em Espanha, tem conquistado prestígio em muitos pontos do globo.
Mário Vargas Llosa
VISTORiA

Nas praças da cidade, na sombra de um campanário,
No intervalo do escritório, eu vi o meu povo.
Tinha fome, e eu estava lá a perguntar,
Esta terra é feita para ti e para mim?
Quando andava, eu vi uma placa,
E na placa, tinha escrito Propriedade Privada.
Mas, no reverso, não dizia nada!
Esse lado foi feito para ti e para mim.
Woody Guthrie

MEMÓRiA


02OUT1917-2013 - Óscar Luís de Freitas Lopes, aliás Óscar Lopes: Intelectual e professor português, investigador de literatura e linguística, autor de A Busca de Sentido: Questões de Literatura Portuguesa (1994) - «Aqui em Portugal, sozinho e sem condições de investigação absolutamente nenhumas, consegue produzir a gramática e transformar-se num linguista absolutamente único» (Isabel Pires de Lima). IMAG.241-456

1912-03OUT1967 - Woodrow Wilson Guthrie, aliás Woody Guthrie: Compositor e cantor americano de folk music - «Odeio uma música que nos faz pensar que não valemos nada. Odeio uma música que nos faz pensar que nascemos para perder. Que estamos obrigados a perder. Tais músicas não servem a ninguém. Não servem para nada… Tudo o que podemos testemunhar, é aquilo que nós somos ou que vemos». IMAG.472-491

1850-04OUT1907 - Alfredo Cristiano Keil, aliás Alfredo Keil: Compositor português, artista plástico, poeta, arqueólogo, coleccionador de arte, autor do canto patriótico A Portuguesa, convertido em Hino Nacional, após a instauração da República em Portugal - «Era fina e requintada a sua natureza artística, excepcionalmente vibrante e entusiasta, notamos também que a sua obra creadora se ressentia da dispersão do seu talento e do seu instinto predominante de diletantismo. Poderia ter sido um grande músico ou um paisagista, se se tivesse clausurado em uma d’essas duas artes, para as quais tinha igualmente uma incontestável e espontanea vocação. Mas isso não se coadunava com o feitio caprichoso do seu talento artístico, e não estava na sua mão resistir ás seducções que alternadamente exerciam no seu espírito todas as manifestações do bello. Assim depois de ter feito D. Branca, a Irene e a Serrana, depois de ter assignado os numerosos quadros que pintava tão prodigamente, Keil quis também ser poeta e para isso rimou as páginas de Tojos e Rosmaninhos» (Illustração Portuguesa - 22JUN1908). IMAG.87-161-281

06OUT1887-1965 - Charles-Édouard Jeanneret-Gris, aliás Le Corbusier: Arquitecto, urbanista, pintor e escultor nascido na Suiça, e naturalizado francês (1930) - «A arquitectura deve ser a expressão do nosso tempo, e não um plágio das culturas do passado, tornando-se um ponto de partida para quem queira proporcionar à humanidade um futuro melhor». IMAG.55-149

PARLATÓRiO

Há músicas que nos consideram muito velho ou muito novo, muito gordo ou muito magro, muito feio ou muito isto, muito aquilo. Músicas que nos rebaixam ou nos ridicularizam, pela nossa má sorte ou pelas nossas dificuldades…
Eu cantarei músicas que nos façam sentir orgulhosos de nós e do que fazemos!
- Woody Guthrie

As palavras são armas… Se não me compreenderem, sou eu que não me sei fazer entender.
- —Óscar Lopes

EPISTOLÁRiO

Uma imprensa venal e deformada pela Censura, calunia, não apenas doutrinas, mas também homens. A cada dia que passa vemos democratas honestos e até inteligentes praticar erros que ajudam a essa calúnia, até porque só estando quietinho, sem fazer nada, é que, aparentemente, se não erra. Todavia o nosso povo não perde a confiança em certos democratas que tanto têm errado. Como poderia perdê-la num intelectual a que o Estado já nada pode tirar, excepto a liberdade - e precisamente na ocasião em que, digamos, dois milhares de pessoas lhe prestam a maior e mais espontânea homenagem que um escritor teve no Porto e talvez até no País?
Óscar Lopes
- Carta a Ferreira de Castro (1959)
BREVIÁRiO

Imprensa Nacional edita O Modernismo Português e o Modernismo Brasileiro de Arnaldo Saraiva. IMAG.165

Guilhotina edita O Homem da Guitarra Azul & Outros Poemas de Wallace Stevens (1879-1955); tradução de Luís Quintais. IMAG.103-211-245

Sémele edita em CD, sob chancela Aeon, Tristan Murail: Le Partage des Eaux - Contes Cruels - Sillages por BBC Symphony Orchestra e Netherlands Radio Philharmonic, sob a direcção de Pierre-André Valade.

Guerra & Paz edita A Cidade e as Serras de Eça de Queiroz (1845-1900). IMAG.14-19-52-60-90-101-148-165-178-199-203-205-214-275-287-313-342-394-434-470-483-532-540-554-593-609-618-621

EXTRAORDINÁRiO

OS ALTERNATIVOS - Folhetim Aperiódico

QUANDO ME ENTERNEÇO EM VÃO, DESAPAREÇO – 11
Inconfortável, o marido ia aparando os golpes. Sentia-se descoroçoado porém, qual pequeno burguês constrito à âncora sentimental, engrandecia o matrimónio como seguro valor do património.

Continua

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