segunda-feira, dezembro 18, 2017

IMAGINÁRiO #694

 José de Matos-Cruz | 08 Fevereiro 2019 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

VITALIDADE
Na geração de cineastas americanos revelados pelas últimas cinco décadas, nenhum será tão coerente e paradoxal, insólito e surpreendente como Woody Allen. Símbolo da Costa Leste, devotado à sua cidade, Nova Iorque, completando-se como argumentista, realizador e protagonista, fiel a poucos actores favoritos, ou outros imprevisíveis requerendo, obcecado com temas primordiais em subtis variantes… Alvo de culto entre os que, repetidas vezes, presumiam que teria atingido um clímax - questionando o que poderia tratar em seguida, ciente de um domínio atrás da câmara. A verdade é que, durante os derradeiros anos ’90 do século passado, os filmes de Woody Allen - culminando Através da Noite / Sweet and Lowdown (1999) - nos mantiveram, incólumes, a perplexidade e o fascínio. Woody Allen perseguiria sempre a obra perfeita, a ponto de tudo refazer sem retraimento quanto aos custos de produção; relançando-se pelos artifícios da comédia, ou sondando os abismos do drama, consagraria o seu tributo aos maiores cineastas europeus - como Federico Fellini ou Ingmar Bergman; enquanto restabelece a vitalidade plástica e estética de um imaginário tão peculiar - íntimo ou sarcástico, denso ou exorcizador.
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CALENDÁRiO

22SET-11NOV2017 - Em Lisboa, Galeria Pedro Cera apresenta Lush Underground - exposição de pintura e escultura de David Thorpe (GB).

29SET-19NOV2017 - Em Lisboa, Le Consulat apresenta Silêncios, Vales e Ecos - exposição de fotografia de Carmen Escudero e Miquél Llonch (Catalunha), sendo curadora Adelaide Ginga.

04OUT-26NOV2017 No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Super:Visions - exposição de ilustração de Elizabeth Casqueiro (Inglaterra/Portugal).

04OUT-29DEZ2017 - Em Lisboa, Casa da América Latina apresenta, no âmbito da Capital Ibero-Americana de Cultura, Objectivo Mordzinski - exposição de fotografia de Daniel Mordzinski (Argentina).
12OUT-19NOV2017 - Em Lisboa, Museu do Oriente expõe Memórias de Camilo Pessanha (1867-1926). IMAG.5-72-307-326-553-625

VISTORiA

Ninguém pode admirar-se de que haja ainda tantos pontos obscuros relativamente à origem das espécies e das variedades, se reflectirmos na nossa profunda ignorância sobre tudo o que se prende com as relações recíprocas dos inúmeros seres que vivem em redor de nós. Quem pode dizer a razão por que tal espécie é mais numerosa e mais espalhada, quando outra espécie vizinha é muito rara e tem um habitat muito restrito? Estas relações têm, contudo, a mais alta importância, porque é delas que dependem a prosperidade actual e, creio firmemente, os futuros progressos e a modificação de todos os habitantes da Terra. Conhecemos ainda bem pouco das relações recíprocas dos inúmeros habitantes da Terra durante os longos períodos geológicos passados.
Ora, posto que numerosos pontos sejam ainda muito obscuros, se bem que devem ficar, sem dúvida, inexplicáveis por bastante tempo ainda, vejo-me, contudo, após os estudos mais profundos e uma apreciação fria e imparcial, forçado a sustentar que a opinião defendida até há pouco pela maior parte dos naturalistas, opinião que eu próprio partilhei, isto é, que cada espécie foi objecto de uma criação independente, é absolutamente errónea. Estou plenamente convencido que as espécies não são imutáveis; estou convencido que as espécies que pertencem ao que chamamos o mesmo género derivam directamente de qualquer outra espécie ordinariamente distinta, do mesmo modo que as variedades reconhecidas de uma espécie, seja qual for, derivam directamente desta espécie; estou convencido, enfim, que a selecção natural tem desempenhado o principal papel na modificação das espécies, posto que outros agentes tenham nela partilhado igualmente.
Charles Darwin
- A Origem das Espécies (1859, excerto)

MEMÓRiA

09FEV1909-1955 - Maria do Carmo Miranda da Cunha, aliás Carmen Miranda: Cantora, bailarina e actriz brasileira, nascida em Portugal - «A maior humilhação para uma mulher é ser abandonada pelo homem que ama. O homem recupera-se depressa, se o caso é oposto, porque não quer dar o braço a torcer para os amigos. A mulher não: a sua sensibilidade e fraqueza ficam estampadas no seu olhar, no seu rosto, nos seus gestos. É triste». IMAG.45-141-232-310-339-525

1934-10FEV1999 - Maria de Lurdes Ribeiro, aliás Maluda: Pintora portuguesa - «Independente do mundo e da fortuna, era ela - do mundo das artes e das suas tricas, do da fortuna delas, com seus truques. Maluda não tinha marchand nem fazia exposições comerciais… Ia registando encomendas para os quadros que pintava e, por serem poucos ao ano, no perfeccionismo da sua pintura, iam pondo coleccionadores à espera, sempre por conhecimento uns dos outros» (José-Augusto França). IMAG.236-490

1795-11FEV1829 - Alexander Sergueievitch Griboiedov, aliás Alexander Griboiedov: Dramaturgo, compositor e diplomata russo - «Aquilo que mais devemos recear, é a cólera dos senhores… E, também, a sua afeição». IMAG.498

11FEV1909-1993 - Joseph Leo Mankiewicz, aliás Joseph L. Mankiewicz: Escritor e cineasta americano - «A diferença entre o que se passa na vida e nos filmes, é que, quando escrevemos um argumento, tudo tem de ter lógica e sentido, enquanto que, na realidade, não é assim que as coisas acontecem». IMAG.83-23-405

12FEV1809-1865 - Abraham Lincoln: Político americano, Presidente dos EUA (1861- 1865) - «Quase todos sabemos lidar com a adversidade, mas, se queres testar o carácter de um homem, dá-lhe poder». IMAG. 68-147-236-334-350-510

12FEV1809-1882 - Charles Robert Darwin, aliás Charles Darwin: Naturalista britânico, geólogo e biólogo - «Quando entre indivíduos, evidentemente expostos às mesmas condições, qualquer desvio muito raro, devido a algum concurso extraordinário de circunstâncias, aparece num só indivíduo, em meio de milhões de outros que não são afectados, e vemos aparecer este desvio no descendente, a simples teoria das probabilidades força-nos quase a atribuir esta aparição à hereditariedade».
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12FEV1929-1985 - Nuno Manuel Maria Caupers de Bragança, aliás Nuno Bragança: Escritor português, autor de A Noite e o Riso (1969) - «Um dia peguei em uma caneta, em um tinteiro e em uma folha de papel, e fui sentar-me a uma pequena mesa em um pequeno gabinete, e escrevi no alto da folha e em letras grandes: u omãi q dava pulus.». IMAG.212-445-473-501-627

1883-12FEV1969 - António Sérgio de Sousa, aliás António Sérgio: Escritor e filósofo português - «A polémica tornou-se a própria maneira de ser da minha vida espiritual. A minha fidelidade à própria inteligência havia de levar-me a este antipático papel de sempre resistir, contrariar, combater, que tem sido o meu destino». IMAG.210-215-433

1894-12FEV1979 - Jean Renoir: Cineasta, encenador, actor e escritor francês - «Um cineasta faz, apenas, um filme durante toda a sua vida… Depois, redu-lo a pedaços e volta a realizá-lo, uma e outra vez». IMAG.52-109-358-482-521

1931-12FEV1989 - Niclaas Thomas Bernhard, aliás Thomas Bernhard: Escritor austríaco - «Eu entrei na arte para fugir da vida, como também poderia dizer – afirmou ele. Aguardei o momento mais favorável e aproveitei esse momento, e evadi-me do mundo para a arte, para a música – disse ele. Como outros se evadem para as chamadas artes plásticas, para a arte dramática – acrescentou ele. Essas pessoas, que afinal são, como eu, gente que de facto odeia o mundo, evadem-se de um momento para o outro do mundo odiado para a arte, que fica por completo fora desse mundo odiado.» (Antigos Mestres).

1903-13FEV2009 - Edward Falaise Upward, aliás Edward Upward: Escritor britânico, membro da Geração de Oxbridge dos anos de 1930 - «Aquele cuja vida mais se manteve fiel aos seus princípios e ideais» (Stephen Spender). IMAG.238-434

1924-14FEV2009 - Luigi Paulino Alfredo Francesco Antonio Balassoni, aliás Louie Bellson: Músico e baterista americano, mestre do Jazz pelo National Endowment for the Arts (EUA, 1994). IMAG.238-473

PARLATÓRiO

Não sei se a saudade nos libertará desta lógica da História: mas creio que não. E visto que não temos entre nós uma disciplina tradicional do trabalho, uma educação, ou como lhe chamar, vivemos e respiramos uma atmosfera de inércia parasitária, é esse o elemento que havemos de pedir ao estrangeiro: os métodos, a técnica, a educação para a produção crematística.
O meu objectivo não é propriamente o de informar sobre a História, mas o de formar sobre o espírito da gente moça para uma visão sócio-filosófica dos factos, como preparação para a obra da elevação do povo, que lhe cumpre empreender.
António Sérgio
(excertos)
BREVIÁRiO

Relógio D’Água edita A Sibila de Agustina Bessa-Luís.  
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Opera Omnia edita Os Pobres de Raul Brandão (1867-1930).  
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