terça-feira, novembro 29, 2016

IMAGINÁRiO EXTRA – A SEBENTA DO TEMPO de MÁRIO AUGUSTO

Fenómenos e emoções, maravilhas e recordações, mesclam-se em A Sebenta do Tempo – Manual de Memória Para Esquecidos de Mário Augusto, ao ritmo inebriante em que se forjaram as últimas cinco décadas.

Tudo o que nos ensinou e divertiu, nos seduziu e entreteve, nos distraiu ou encantou, inspirando as nossas vivências e povoando o nosso imaginário, modelando os nossos gostos ou tantas vezes influenciando, mesmo, o que viríamos a escolher como actividade profissional, está presente e ilustrado nesta obra cheia de surpresas e saudades, incomparável e irresistível, lançada sob chancela da Bertrand Editora.

As leituras e a banda desenhada, as músicas preferidas mas também a rádio, o cinema e a televisão são algumas das atracções principais. Tal como os brinquedos e as colecções, os livros e as revistas, os discos ou os jogos predilectos.

Os heróis e as personagens cruzam-se com os artistas favoritos e as vedetas de sensação, lembramos os sucessos de época e as personalidades que deixaram marca, recuperamos os momentos únicos, os cheiros e os paladares, por cada um de nós assumidos, sentidos ou saboreados de maneira especial.

Eis uma viagem fascinante e um testemunho evocativo, que Mário Augusto propõe na primeira pessoa, ou desvenda ao seu estilo reflectido e informativo, informal e revelador, com a paixão de um espectador privilegiado, com a partilha de um protagonista generoso.

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IMAGINÁRiO #638

José de Matos-Cruz | 8 Dezembro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

IMAGINAR
Aparecido em 2001 (A Ilha das Tartarugas), e dedicando-se a proporcionar alegria às crianças, Zu é um herói felino, com talentos e virtualidades a desenvolver por si próprio. Isto é, dentro ou fora da colecção de álbuns que lhe deram berço, convertendo-se num projecto autónomo, irradiante. Começando pelo princípio: As Aventuras do Zu foram concebidas, escritas e ilustradas por José Abrantes, e prolongaram-se por uma série de livrinhos irresistíveis. Preferencialmente, a saga de Zu - um gato azul que tem um lápis mágico, capaz de o impelir às mais variadas peripécias - destina-se às crianças em idade escolar (Ensino Básico), graças aos seus objectivos didácticos, pedagógicos e lúdicos. Sagrando a solidariedade, o apelo ecológico e a sublimação da violência, Zu assume uma postura exemplar... e humanista! IMAG.1-3-35-95-149-150-160-256

CALENDÁRiO

28OUT1936-10SET2016 - José Joaquim Rodrigues, aliás José Rodrigues: Escultor e artista plástico português, cofundador da Cooperativa Árvore (Porto - 1963) e promotor da Bienal de Vila Nova de Cerveira (1978) - «Além de um criador fantástico, era um homem de causas, da cultura e da cidadania, e tinha uma generosidade enorme» (Amândio Secca).
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17SET2016 - Em Lisboa, A Válvula apresenta Na Cave - exposição de banda desenhada de Rui Lacas. IMAG.127-192-280-378-430-432

17SET2016-09JAN2017 - Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian - Colecção Moderna apresenta Luanda | Los Angeles | Lisboa - exposição de pintura, colagem, fotografia e filme de António Ole, sendo curadoras Rita Fabiana e Isabel Carlos. IMAG.61

23SET-16OUT2016 - Em Odivelas, Centro Cultural Malaposta apresenta Segundo Tempo - exposição de escultura de Catarina Alves.

24SET2016-26FEV2017 - Na Amadora, Casa Roque Gameiro expõe Flor de Água: Helena Roque Gameiro (1895-1986) - Aguarela e Artes Aplicadas.

09NOV-17DEZ2016 - Em Lisboa, Artistas Unidos apresenta, no Teatro da Politécnica, Paisagens Ocultas - exposição de pintura de Nikias Skapinakis. IMAG.42-46-281-333-386-393

VISTORiA

Nossa Truculência
Quando penso na alegria voraz
com que comemos galinha ao molho pardo,
dou-me conta de nossa truculência.
Eu, que seria incapaz de matar uma galinha,
tanto gosto delas vivas
mexendo o pescoço feio
e procurando minhocas.
Deveríamos não comê-las e ao seu sangue?
Nunca.
Nós somos canibais,
é preciso não esquecer.
E respeitar a violência que temos.
E, quem sabe, não comêssemos a galinha ao molho pardo,
comeríamos gente com seu sangue.

Minha falta de coragem de matar uma galinha
e no entanto comê-la morta
me confunde, espanta-me,
mas aceito. A nossa vida é truculenta:
nasce-se com sangue
e com sangue corta-se a união
que é o cordão umbilical.
E quantos morrem com sangue.
É preciso acreditar no sangue
como parte de nossa vida.
A truculência.
É amor também.
- Clarice Lispector
ALEGORiA

O coração é um solo. Vale onde brotam as paixões, como os outros vales da natureza inanimada, ele tem suas estações, suas quadras de aridez ou de seiva, de esterilidade ou de abundância.
Depois das grandes borrascas e chuvas, os calores do sol produzem na terra uma fermentação, que forma o humo, a semente, caindo aí, brota com rapidez. Depois das grandes dores e de lágrimas torrenciais, forma-se também no coração do homem um humo poderoso, uma exuberância de sentimento que precisa expandir-se. Então um olhar, um sorriso, que aí penetre, é semente de paixão e pulula com vigor extremo.
- José de Alencar

MEMÓRiA

1920-09DEZ1977 - Haia Pinkhasovna Lispector, aliás Clarice Gurgel Valente, aliás Clarice Lispector: Escritora e jornalista brasileira, natural da Ucrânia - «Mas há a vida / que é para ser / intensamente vivida, / há o amor. / Que tem que ser vivido / até a última gota. / Sem nenhum medo. / Não mata.». IMAG.158-301-375-399-458-484

1941-10DEZ1967 - Otis Ray Redding Jr, aliás Otis Redding: Cantor americano, produtor e arranjador - «Para ser um bom artista, é preciso estarmos concentrados vinte e quatro horas por dia. O entretenimento exige muita atenção, compor melodias e escrever letras diferentes, pensar de modo distinto dos outros criadores». IMAG.328-612-637

1829-12DEZ1877 - José Martiniano de Alencar, aliás José de Alencar: Ficcionista, dramaturgo, jornalista e político brasileiro - «Cada região da terra tem uma alma sua, raio criador que lhe imprime o cunho da originalidade. A natureza infiltra em todos os seres que ela gera e nutre aquela seiva própria: e forma assim uma família na grande sociedade universal.» (O Guarani). 
 
13DEZ1797-1856 - Christian Johann Heinrich Heine, aliás Heinrich Heine: Escritor alemão, poeta, jornalista e ensaísta - «Nunca admiro o acto ou o facto, mas apenas o espírito humano. O acto, o facto, são vestimentas e a história não é mais do que o velho guarda-roupa do espírito humano.» (A Batalha de Marengo).IMAG.92-551

14DEZ1907-1996 - Maria Beatriz da Conceição Costa, aliás Beatriz Costa: Actriz portuguesa de teatro e cinema, memorialista - «Sinto muito orgulho em ser filha de um moleiro, que morreu de barrete. Não tenho peneiras nenhumas». IMAG.76-78-223-511-534-558-574

15DEZ1657-1726 - Michel Richard Delalande, aliás Michel-Richard de Lalande: Compositor e organista francês do barroco, ao serviço de Luís IV, autor de Leçons de Ténèbres - «Conciliando o beau chant com o tonus lamentationum, sugeria um teatro da penitência algures entre a alegria e a agrura» (João Santos). IMAG.607

15DEZ907-2012 - Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, aliás Oscar Niemeyer: Arquitecto brasileiro, um dos grandes criadores do Século XX, tendo revolucionado o uso do betão - «Meu trabalho não tem importância, nem a arquitetura tem importância para mim. Para mim, o importante é a vida, a gente se abraçar, conhecer pessoas, haver solidariedade, pensar em um mundo melhor, o resto é conversa fiada». IMAG.443

PARLATÓRiO

Para atingir o nível de obra de arte, a arquitetura tem primeiro de ser diferente e depois ser uma coisa que cria espanto, cria beleza. A arquitetura que eu faço é a que não aceita regras. Eu procuro fazer lógica funcional em tudo, mas criando, partindo de um desenho, uma ideia.
- Oscar Niemeyer






TRAJECTÓRiA

BEATRIZ COSTA

Maria Beatriz da Conceição Costa nasceu na Charneca do Milharado, Mafra, em 14 de Dezembro de 1907. Aos quatro anos, partiu para Lisboa, vivendo depois em Tomar. Foi ajuntadeira e bordadeira, antes de se estrear no palco como corista (1923), tornando-se vedeta do teatro musical. Em 1939-50, desenvolveu carreira artística no Brasil. Participou como actriz nas fitas mudas O Diabo Em Lisboa (1926 - inacabado) e Fátima Milagrosa (1928 - Rino Lupo), Lisboa, Crónica Anedótica (1930 - Leitão de Barros). Após A Minha Noite de Núpcias (1931 - E.W. Emmo - versão portuguesa de Ich Heirate Meinen Mann) e Beatriz Costa, Memorialista (1932 - Artur Costa de Macedo), alcançou culto e popularidade em apenas três filmes sonoros: A Canção de Lisboa (1933 - Cottinelli Telmo), O Trevo de Quatro Folhas (1936) e Aldeia da Roupa Branca (1938 - Chianca de Garcia). Participou em Festas da Cidade (1935). Retirou-se em 1960. Azougada, maliciosa, com uma graça irresistível, orgulho da região saloia, «sem papas na língua», escreveu vários livros famosos de recordações. Faleceu em Lisboa, em 15 de Abril de 1996.

BREVIÁRiO

Guerra & Paz edita, com Sociedade Portuguesa de Autores / SPA, José Fonseca e Costa [1933-2015] - Um Africano Sedutor de Jorge Leitão Ramos. IMAG.63-77-117-126-158-192-223-334-508-593-618-635

Documenta edita Imaginação & Ironia de Costa Pinheiro (1932-2015). IMAG.239-312-486-569-590-593-604


Arranha-Céus edita Déjà-Vu de André Carrilho. IMAG.17-101-171-195-247-292-312-382-578

Elsinore edita Arranha-Céus de J.G. Ballard (1930-2009); tradução de Marta Mendonça e Rute Mota. IMAG.46-247-298

Sextante edita Compota de Damasco e Outros Contos de Aleksandr Soljenitsin/Alexander Soljenitsine (1918-2008); tradução de António Pescada. IMAG.147-209-474-535
 

quarta-feira, novembro 23, 2016

IMAGINÁRiO #637

José de Matos-Cruz | 1 Dezembro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

VIRAGEM
Entre a evolução e a continuidade, como antes fora vanguardista em Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha (1935-2012) regressou com Mudar de Vida (1966) - também argumentista, sobre pretextos realistas e implicações dramáticas, sendo os diálogos de António Reis. No horizonte sociológico, os contornos duma comunidade litoral - suas fainas e rituais, existência precária e conflitos individuais. Mas a perspectiva de Rocha tornara-se mais alegórica: ao evidenciar «a harmonia que os homens conseguiram estabelecer entre a vida à beira do rio e à beira do mar», reencontrando «a aliança primitiva dos elementos: a água e a terra». Com orçamento de 700 contos, e sempre responsável António da Cunha Telles, a rodagem decorreu na região vareira (Furadouro, próximo de Ovar), onde Rocha foi criado; a fotografia tem o rigor de Elso Roque, autenticando o dilema dos pescadores, ante as necessidades de industrialização. A música de Carlos Paredes manifesta-se, outra vez, um elemento apelativo e motivador. Quanto ao elenco, Isabel Ruth reaparece, vitalista ao lado do brasileiro Geraldo del Rey, e de uma excelente Maria Barroso. Aliás, heróis entre a fadiga e o inconformismo, o desencanto e a alienação, que a saudade fere e para quem o coração é traiçoeiro. Afectados pela guerra em África, ou com teimosia em resistir, numa época de viragem para o sucesso ou o fracasso… IMAG.4-31-87-180-445-521-543-567-627

CALENDÁRiO

1930-25AGO2016 - Sonia Flis, aliás Sonia Rykiel: Estilista e escritora francesa, inventora da démode (cada pessoa adapta a moda à sua personalidade) - «Deixa um legado extraordinário» (Jean-Marc Loubier).

1939-03SET2016 - Maria Isabel Barreno de Faria Martins, aliás Maria Isabel Barreno: Escritora e investigadora portuguesa, uma das Três Marias (com Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa), coautora de Novas Cartas Portuguesas (1971) - «Uma mulher com uma capacidade intelectual fora do vulgar, com uma escrita ficcional muitíssimo nova e moderna» (João Rodrigues). IMAG.144-351

08SET2016 - B’lizzard produziu, e estreia Amateur - Um Filme Sobre Carlos Relvas (2015) de Olga Ramos. IMAG.48-76-169-202

1929-10SET2016 - Mário Silva: Artista plástico português - «Figura incontornável da vida cultural coimbrã» (Público), «a sua obra estética consagra-se principalmente à pintura, mas alarga-se aos domínios das artes gráficas (monotipia, gravura, serigrafia, ilustração, cartaz), da cerâmica, escultura e arte pública monumental» (Mestre Mário Silva). IMAG.393

09-18SET2016 - Em Cascais, decorre o II Festival Internacional de Cultura / FIC, organizado pela Câmara Municipal e por LeYa, sendo curadora Inês Pedrosa. IMAG.574

09SET-06NOV2016 - Fórum da Maia expõe O Regresso do Objecto - Arte dos Anos 1980 Na Colecção de Serralves.

14SET-22OUT - Em Lisboa, Artistas Unidos apresenta, no Teatro da Politécnica, Noite, Noite, Mais do Que Hoje - exposição de pintura de João Jacinto. IMAG.627

15SET-27NOV2016 - Em Lisboa, Museu do Oriente expõe ChinAware - Design de Porcelana Feita Na China Contemporânea.

VISTOR
iA

A Cidade É Um Chão

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa.
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.
- José Carlos Ary dos Santos

COMENTÁRiO

Joseph Conrad
Bastante mais terrível [que o Inferno de Dante] é o O Coração das Trevas, o rio de África que o capitão Marlow sobe, entre margens de ruínas e de selvas e que pode muito bem ser uma projecção do abominável Kurtz, que é a meta. Em 1889, Jósef Teodor Konrad Korzeniowski subiu o Congo até Stanley Falls; em 1902, Joseph Conrad, hoje célebre, publicou em Londres O Coração das Trevas, talvez o mais intenso dos contos elaborado pela imaginação humana. No Extremo Limite não é menos trágico. A chave da história é um facto que não revelaremos e que o leitor descobrirá gradualmente. Nas primeiras páginas já há indícios. H. L. Mencken, que certamente não é pródigo em ditirambos, afirma que No Extremo Limite é uma das melhores narrativas, extensa ou breve, nova ou antiga, das letras inglesas. Compara os dois textos deste livro às composições musicais de Johannes Sebastian Bach.
- J.L. Borges
ANUÁRiO

1597-1646 - Virgilio Mazzochi: Compositor italiano, mestre de capela de várias instituições e igrejas romanas, autor com intensa produção de música sacra e litúrgica. IMAG.266

1907-1974 - Francisco da Cunha Leão: Escritor, director do Diário Popular (1953-1958), autor de O Enigma Português (1960) e de Ensaio de Psicologia Portuguesa (1971) - «Povo mesclado, poliétnico, porventura dos contingentes francos e romanos lhe adveio a quota-parte sanguínea, dos nórdicos algo de fleuma, e dos mediterrâneos e arábicos a emotividade primária, movediça de muitos dos seus homens». IMAG.461

1937-2006 - Fernando Monteiro de Bragança Gil, aliás Fernando Gil: Filósofo português, distinguido com o Prémio Pessoa (1993), autor de Traité de l'Évience (1993) ou Viagens do Olhar: Retrospeção, Visão e Profecia no Renascimento Português (com Hélder Macedo - 1998) - «As controvérsias mais importantes e mais interessantes são, em geral, as mais indecidíveis e, sobretudo, aquelas em que - antes ainda das divergências sobre as melhores soluções - os objectos não são os mesmos para todos.» (Mimesis e Negação - 1984). IMAG.555

1864-1957 - Francisco da Silva Rocha: Arquitecto, criador plástico e pedagogo, professor da Escola de Desenho Industrial de Aveiro, autor primordial da Arte Nova. IMAG.240-491

MEMÓRiA

02DEZ1927-2011 - James Henry Kinmel Sangster, aliás Jimmy Sangster: Escritor inglês, argumentista de clássicos da Hammer, como O Horror de Drácula (1957), A Vingança de Frankenstein (1958) ou A Múmia (1959) - «Por meia dúzia de filmes, fizeram de mim uma figura de culto». IMAG.372

03DEZ1857-1924 - Józef Teodor Nałęcz Korzeniowski, aliás Joseph Conrad: Escritor britânico de origem polaca, autor de O Coração das Trevas (1902) - «O espírito revolucionário é muito conveniente. Ele liberta-nos de todos os escrúpulos, no que se refere a ideias». IMAG.157-224-243-303-418-477-564-571

05DEZ1687-1762 - Francesco Saverio Geminiani: Compositor, maestro e violinista italiano, teórico e pedagogo, director da orquestra do teatro da Opera di Napoli (1711) - «Em breve tempo, destacou-se a tal ponto pelas suas impecáveis interpretações que, todos os que desejavam compreender ou amar a música, foram impelidos a ir escutá-lo e, entre os nobres, muitos houve que, com frequência, se sentiram honrados em serem seus patronos» (John Hawkins). IMAG.426

07DEZ1937-1984 - José Carlos Ary dos Santos: Poeta e declamador português - «Desbaratamos deuses, procurando / Um que nos satisfaça ou justifique. / Desbaratamos esperança, imaginando / Uma causa maior que nos explique.» (Ecce Homo - excerto). IMAG.157-276-451

BREVIÁRiO

Sistema Solar edita Freya das Sete Ilhas de Joseph Conrad (1857-1924); tradução de Aníbal Fernandes.

Porto editora lança O Fim do Homem Soviético de Svetlana Aleksievitch/Alexievich; tradução de António Pescada. IMAG.588

Universal edita em CD, sob chancela Deutsche Grammophon, O Retiro de Rodrigo Leão; com Orquestra & Coro Gulbenkian, sob a direcção de Rui Pinheiro. IMAG.26-565-581

Dom Quixote edita A Lição de Anatomia de Philip Roth; tradução de Francisco Agarez. IMAG.182-198-240-290-328-375-390-412-440-479

Relógio D’Água edita Contos de Petersburgo de Nikolai Gogol (1809-1852); tradução de Carlos Leite. IMAG.118-219-223-361-474-593

Warner edita em CD, sob chancela Rhino, Otis Redding / Otis Redding [1941-1967] Sings Soul. IMAG.328-612

Tinta da China edita Bronco Angel, o Cowboy Analfabeto de Fernando Assis Pacheco (1937-1995); ilustrações de João Fazenda. IMAG. 117-190-317-416-539-549-597

EXTRAORDINÁRiO

OS ALTERNATIVOS – Folhetim Aperiódico

QUANDO ME ENTERNEÇO EM VÃO, DESAPAREÇO - 13
Ele era, está claro, o maior... ironizou o Manso, fixando o seu tom mais soturno. Mas nós, mesmo insignificantes, também temos tamanho!
Lisboa pasma. Curva-se a noite. E, em seu dorso, ascende a alvorada.
- Continua

segunda-feira, novembro 21, 2016

IMAGINÁRiO #636

José de Matos-Cruz | 24 Novembro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

RESISTÊNCIA
Brutalmente sequestrado pela milícia de uma misteriosa organização denominada Conceito, o astrólogo Capricorne é prisioneiro num terrível campo de concentração… Eis o tema de Capricorne (1997) - um herói e uma saga, com assinatura de Andreas, em edição Le Lombard. Expandindo-se na vertente Troisième Vague, o sexto álbum Attaque (2001) atingiu um clímax dramático e épico. Confrontadas com a brutalidade do comandante Granitt, as vítimas do Conceito apercebem-se que o seu objectivo é conquistar o mundo, exterminando todos os videntes e presumíveis adivinhos. Enquanto preparam uma evasão, Capricorne é submetido às mais cruéis sevícias: o seu corpo atrozmente torturado dissuadirá os outros a não se rebelarem. Porém, um jovem guarda, de aspecto estranho, parece desejar que ele sobreviva, e trata-lhe as feridas. Certa manhã, Capricorne é incumbido de uma missão pungente: os que tentaram fugir, foram mortos, e ele tem, com outros detidos, de transportar os cadáveres para um laboratório do campo. Assim, descobre que são realizadas, secretamente, operações cirúrgicas. Tal evidência significa uma condenação à morte. Se não lograr, antes, a liberdade…

CALENDÁRiO

09SET-20NOV2016 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe
Hansi Staël [1913-1961] - Pintura, Cerâmica: Modernidade e Tradição.

SUMÁRiO

HANSI STAËL
Baptizada como Ilona Hanna Emilie Lenard, Hansi Staël nasceu em Budapeste, em 28 de Março de 1913. Em 1932, com apenas dezoito anos, formou-se no Kunstgewerbeschule em Budapeste, para além de estudar na Universidade de Viena, onde obteve o diploma de intérprete em Húngaro Alemão-Inglês.
Até 1938, ano em que se casou com o sueco Barão Didrik Staël von Holstein, Hansi Staël viveu um período em que sempre desenhou e pintou, ao mesmo tempo que trabalhava na Agência de viagens da família. Logo depois de se casar, foi viver para a Suécia, antes mesmo do início da guerra, onde realizou várias encomendas de desenhos para têxteis e joalharia para a conhecida empresa de decoração de interiores Svensk Tenn.
Em 1946, a família mudou-se para Portugal. Aconselhada pelo arquitecto Leonardo Castro Freire, Hansi Staël especializou-se em cerâmica e, em 1950, começou a trabalhar na Secla, nas Caldas da Rainha. Pouco tempo depois, passou a directora artística. Nesse período, inovou na produção da fábrica, introduzindo novos desenhos. Apesar de trabalhar na Secla, Hansi Staël dividia o seu tempo entre as Caldas da Rainha e Lisboa. Na capital, pintava e fazia experiências com outros materiais. Até à sua morte em 1961, produziu uma vasta obra artística, que passou pela pintura e cerâmica e também pela litografia e gravura.

VISTORiA

O Jardim do Amor

Tendo ingressado no Jardim do Amor,
Deparei-me com algo inusitado:
Haviam construído uma Capela
No meio do prado, onde eu brincava.

E ela estava fechada; «Não Farás»,
Era a legenda sobre a porta escrita.
Voltei-me então para o Jardim do Amor,
Onde crescia tanta flor bonita.

E recoberto o vi de sepulturas
E lousas sepulcrais, em vez de flores;
E em vestes negras e hediondas os padres faziam rondas,
E atavam com nó espinhoso meus desejos e meu gozo.
- William Blake

VISTORiA

Foi-me garantido em Londres por um americano dos meus conhecimentos, homem muito instruído, que uma criança saudável e bem alimentada constitui, com um ano de idade, alimento delicioso, nutritivo e saudável, quer estufada, quer assada, quer cozida no forno, quer escalfada; e não tenho dúvidas de que também será possível cozinhá-la em fricassé ou em guisado.
Jonathan Swift
- Singela Proposta e Outros Textos Satíricos (excerto)

O mundo da imaginação é o mundo da Eternidade. É o seio para o qual nos dirigimos após a morte do corpo vegetativo. Esse mundo é infinito e Eterno, enquanto o mundo da procriação é finito e temporal. Todas as coisas, em suas Formas Eternas, estão dentro do corpo divino do Salvador, a verdadeira voz da Eternidade.
William Blake
- A Vision of the Last Judgment (excerto)

O próprio fenómeno da mendicidade levanta a suspeita de que a pobreza na Índia não é um facto contingente e remediável, mas sim um traço constitutivo, de modo que modificá-la ou tentar anulá-la significaria alterar completamente o carácter do povo indiano.
Alberto Moravia
- Uma Ideia da Índia (excerto)
 
MEMÓRiA

20NOV1957-2012 - Bruno Le Floc’h: Ilustrador e criador de animação, artista de quadradinhos, distinguido com o Prémio Goscinny ao Argumentista por
Trois Éclats Blancs (2004) - «Para mim, a banda desenhada é a liberdade». IMAG.431

28NOV1757-12AGO1827 - William Blake: Poeta, pintor e tipógrafo inglês, autor de Canções de Inocência e de Experiência - «A ave constrói o ninho; a aranha, a teia; o homem, a amizade». IMAG.63-156-204-298

28NOV1907-1990 - Alberto Pincherle, aliás Alberto Moravia: Escritor e jornalista italiano - «O amor-próprio é um animal curioso, que consegue dormir sob os golpes mais cruéis, mas que acorda ferido de morte perante uma simples beliscadura… O senso comum é uma espécie de saúde contagiosa». IMAG.229-292

29NOV1797-1848 - Domenico Gaetano Maria Donizetti, aliás Gaetano Donizetti: Compositor italiano, do período romântico - «Era expansivo, tinha um temperamento amável e obcecado pela sua criatividade. Estava sempre a escrever, indiferente ou ignorando as invejas que o rodeavam, chegando a concluir em um só ano duas ou três óperas importantes» (Alexander Weatherson). IMAG.156-297-317-416-585

30NOV1667-1745 - Jonathan Swift: Escritor irlandês - «As leis são como teias de aranha: boas para capturar mosquitos, mas os insectos maiores rompem o seu emaranhado, e logram escapar». IMAG.373-510-535-628

1892-30NOV1947 - Ernst Lubitsch: Cineasta alemão, realizador, produtor, argumentista e actor - «Nos meus filmes, tento que os espectadores dêem livre curso à sua imaginação… Mas, o que hei-de fazer, se a tendência é desvirtuar as minhas sugestões?». IMAG.156-356-358-415

COMENTÁRiO

Uma verdade que é dita com má intenção derrota todas as mentiras que possamos inventar.
-William Blake

Bruno Le Floc’h
Com a sua dezena e meia de álbuns finamente cinzelados, sem dúvida, este artista bretão encontra facilmente o seu lugar no panteão dos desenhadores, entre Hugo Pratt e René Sterne. Dois homens de aventuras e de oceanos, tal como ele.
Vincent Genot
- Le Vif - L’Express

PARLATÓRiO

Todos poderemos recordar as grandes estrelas do cinema silencioso que deixaram de brilhar; os grandes realizadores que desapareceram; os grandes argumentistas que foram afastados. Mas lembrem-se disto, enquanto viverem: os produtores nunca perdem um homem. São eles que fazem a diferença. É entre eles que encontramos o maior talento. 
- Ernst Lubitsch

BREVIÁRiO

Assírio & Alvim edita
O Peso da Sombra de Eugénio de Andrade (1923-2005).
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Universal edita em CD, sob chancela Deutsche Grammophon, Witold Lutoslavski [1913-1994]: Piano Concerto; Symphony Nº 2 por Krystian Zimerman, com Berliner Philharmoniker, sob a direcção de Simon Rattle.

Quetzal edita
Levantai Alto o Pau de Fileira, Carpinteiros, e Seymour - Uma Introdução de J.D. Salinger (1919-2010); tradução de Salvato Telles de Menezes. IMAG.288-534

Warner Classics edita em CD, Héroїque por Bryan Hymel, com PKF - Prague Philharmonia, sob a direcção de Emmanuel Villaume.

Clube do Autor edita Ehrengard - A Ninfa do Lago de Karen Blixen (1885-1962); tradução de Maria João Andrade. IMAG.42-266-385-440-510

Cavalo de Ferro edita O Tempo de Sua Graça de Eyvind Johnson (1900-1976); tradução de João Reis.