terça-feira, março 22, 2016

IMAGINÁRiO #602

José de Matos-Cruz | 08 Março 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO
 
EXEMPLOS
Se há um cineasta que, segundo as coordenadas de Hollywood, possa ser apontado para a concretização de qualquer espectáculo em expectativa, exemplar é porventura o canadense Norman Jewison, nascido em 1926. Prolixo e prolífico, brilhante e eloquente, encontramos uma estilização, não propriamente um cunho pessoal, em quantos filmes dirigiu - dos mais variados géneros, com distinto grau de exigência técnica e estética. Alguns títulos serão, de imediato, reconhecidos pelo público: Um Violino no Telhado (1971), Jesus Cristo Superstar (1973), …E Justiça Para Todos (1979), Agnés de Deus (1985). Mas, curioso, é verificar que, até Bogus (1996) em vídeo, todas as suas realizações estrearam entre nós, no circuito comercial. Quanto às últimas, citem-se O Feitiço da Lua» (1987), Um Herói Como Nós (1989), Larry, o Liquidador (1991), Só Tu (1994) com o nosso Joaquim de Almeida, ou O Furacão (1999). Implicado na pesquisa e formação de nóveis autores, Jewison - também com interesses na produção - foi em 1999, por esta categoria, distinguido pela Academia com o Prémio Irving Thalberg. Um Oscar especial, instituído em 1937, e destinado a laurear «os criativos cujos trabalhos reflectem, constantemente, um elevado nível de qualidade». IMAG.268-590

CALENDÁRiO
 
µ28NOV2015-30JAN2016 - Em Lisboa, Barbado Gallery apresenta Facing the Camera: 1970 To Tomorrow - exposição de fotografia de Arno Rafael Minkkinen.

¢09JAN-27FEV2016 - Em Ponte de Sor, Centro de Artes e de Cultura apresenta Gabinete de Curiosidades - exposição de pintura de Rui Macedo. IMAG.192-298

®21FEV1946-14JAN2016 - Alan Sidney Patrick Rickman, aliás Alan Rickman: Actor inglês de teatro, televisão e cinema, intérprete de Die Hard / Assalto ao Arranha-Céus (1988) - «Os actores são agentes de mudança. Um filme, uma obra teatral, um musical ou um livro podem marcar a diferença… Podem alterar o mundo».

¾1955-16JAN2016 - Fernando Ávila: Realizador português de televisão, encenador - «Generoso, competente e talentoso, um português que houvera louvar como ele merece» (Maria Vieira).

¨1924-18JAN2016 - Michel Tournier: Escritor francês, distinguido com o Prémio Goncourt (1970) - «Ficará para a história da literatura francesa precisamente por ter escrito à sua maneira a história de vários mitos e lendas» (Maria João Caetano).

¸1931-19JAN2016 - Ettore Scola: Cineasta italiano - «O cenário do pós-guerra na realidade italiana foi uma das suas frequentes temáticas, e o vincado espírito político nunca deixou de estar presente» (Inês Lourenço). IMAG.126-214-454

1922-20JAN2016 - Nuno Teotónio Pereira: Arquitecto português - «Em geral, os arquitectos centram-se no seu trabalho e não se preocupam muito com o contexto. Há um culto do objecto, esquecendo o envolvimento. A arquitectura portuguesa actual é de muito boa qualidade, mas recai no edifício» (2004). IMAG.46-192-197-255-435
            
VISTORiA

O Jardim
¨Existe um jardim antigo com o qual às vezes sonho,
sobre o qual o sol de Maio despeja um brilho tristonho;
onde as flores mais vistosas perderam a cor, secaram;
e as paredes e as colunas são ideias que passaram.

Crescem heras de entre as fendas, e o matagal desgrenhado
sufoca a pérgula, e o tanque foi pelo musgo tomado.
Pelas áleas silenciosas, vê-se a erva esparsa brotar,
e o odor a mofo de coisas mortas derrama-se no ar.

Não há nenhuma criatura viva no espaço ao redor,
e entre a quietude das cercas não se ouve qualquer rumor.
E, enquanto ando, observo, escuto, uma ânsia às vezes me invade
de saber quando é que vi tal jardim numa outra idade.

A visão de dias idos em mim ressurge e demora,
quando olho as cenas cinzentas que sinto ter visto outrora.
E, de tristeza, estremeço ao ver que essas flores são
minhas esperanças murchas – e, o jardim, meu coração.
H.P. Lovecraft


MEMÓRiA
 
¢1768-08MAR1837 - Domingos António Sequeira, aliás Domingos Sequeira: Artista plástico português - «No que diz respeito à fé católica, nunca vacilou, foi sempre fiel; é, aliás, dessa fé que ele parte, no período final da sua vida e carreira» (José Luís Porfírio). IMAG.496-513
 
¯1886-08MAR1957 - Othmar Schoeck: Compositor e director de orquestra suíço, autor da ópera Penthesilea (1927). IMAG.310-577

¢09MAR1907-1983 - António Amadeu Conceição Cruz, aliás António Cruz: Artista plástico português - «De todos os pintores do Porto do Século XX, foi decerto aquele que melhor soube entender a alma da cidade» (Bernardo Pinto de Almeida). IMAG.432

¨ 12MAR1867-1930 - Raul Germano Brandão, aliás Raul Brandão: Escritor e jornalista português, autor de Húmus (1917) - «Nem sei o que é a vida. Chamo vida ao espanto. Chamo vida a esta saudade, a esta dor; chamo vida e morte a este cataclismo. É a imensidade e um nada que me absorve; é uma queda imensa e infinita, onde disponho de um único momento. IMAG.48-161-293-301-342-350-384-394-400-431-495-582

¨ 13MAR1907-1985 - Mircea Eliade: Ficcionista e filósofo americano, de origem romena - «…E, de repente, surgiram na minha memória as imagens dos parques na província portuguesa. Lembro-me da sua melancolia terrível. Mundos há muitos mortos que só aguardam o punho vigoroso do bárbaro para se descomporem» (Diário - 07FEV1965). IMAG.511

¨ 1890-15MAR1937 - Howard Phillips Lovecraft, alias H.P. Lovecraft: Escritor americano - «A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido». IMAG.16-85-140-288-436
                        
VISTORiA

¨Nós não vemos a vida – vemos um instante da vida. Atrás de nós a vida é infinita, adiante de nós a vida é infinita. A primavera está aqui, mas atrás deste ramo em flor houve camadas de primaveras de oiro, imensas primaveras extasiadas, e flores desmedidas por trás desta flor minúscula. O tempo não existe. O que eu chamo a vida é um elo, e o que aí vem um tropel, um sonho desmedido que há-de realizar-se. E nenhum grito é inútil, para que o sonho vivo ande pelo seu pé. A alma que vai desesperada à procura de Deus, que erra no universo, ensanguentada e dorida, a cada grito se aproxima de Deus. Lá vamos todos a Deus, os vivos e os mortos.
Raul Brandão
- Húmus (excerto)

¨Quando a lança trespassou o corpo de Cristo, o sangue jorrou e salpicou a túnica da mulher de Pilatos, e espalhou-se em redor. Então, ela correu para casa, para limpar a mancha e lavar a túnica; mas, por temer o marido, correu para uma vinha, debaixo de um pessegueiro, escavou e enterrou a túnica, e então a vinha cresceu, carregada de cachos de uvas.
Mircea Eliade
- Des Herbes Sous la Croix (excerto)
       
COMENTÁRiO
 
António Cruz
¢…É, sem contestação possível, o maior aguarelista português dos tempos modernos. Tirou a aguarela da banalidade para que a tinham arrastado Roque Gameiro e os aguarelistas portugueses. Deu-lhe grandeza, ressonância sinfónica; levou-a até atingir o valor de uma alta expressão sintética e afastou-a da superficialidade habitual.
Abel Salazar
                 
BREVIÁRiO
   
¨ Relógio D’Água re-edita O Delfim (1968) de José Cardoso Pires (1925-1998); prefácio de Gonçalo M. Tavares. IMAG.53-200-226-227-314-366-367-533-581

¨ Cavalo de Ferro edita Bestiário de Julio Cortázar (1914-1984); tradução de Miguel Mochila. IMAG.205-298-330-454-539-546-563
 
¯Sony edita em CD, sob chancela Columbia, Jean Sibelius [1865-1957]: The Symphonies por N.Y. Philharmonic, sob a direcção de Leonard Bernstein. IMAG. 213-402-404-542-551
 
¨Porto Editora lança Diário de Um Killer Sentimental de Luis Sepúlveda; tradução de Pedro Tamen.
 
¨Relógio D’Água edita Contos de Guerra de Lev/Leon Tolstoi (1828-1910); tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra. IMAG.56-194-299-305-358-363-444-506-515-527-593



sexta-feira, março 18, 2016

IMAGINÁRiO #601

José de Matos-Cruz | 01 Março 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO
 
FUTURISMOS
Ao assumir Promethea, Sophie Bangs dá corpo à imaginação - cumprindo a profecia de que, quando o sonho se revela, não mais tem fim. As aventuras de Promethea (1999-2005) - heroina titular da obra-prima de Alan Moore, America’s Best Comics - foram distinguidas com o Prémio Eisner. Mick Gray & J.H. Williams III ilustraram - além de Charles Vess, artista convidado - a saga de Sophie, uma estudante na futurista Nova Iorque. Investigando, para um trabalho de curso, o mito de Promethea - uma guerreira cujo culto foi reinventado, ao longo dos séculos - Sophie recebe estranhos avisos, de que deve desistir dessas pesquisas. No entanto, a jovem só se apercebe de que corre perigo real, quando uma fatídica criatura das trevas tenta assassiná-la, por se aproximar demasiado do enigma de Promethea. Ante um tal desígnio, a imatura Sophie transforma-se na fantástica Promethea! Assim, por ironia heróica, Sophie terá que proteger os segredos das suas predecessoras, preservando ainda as coordenadas do reino de Immateria - ou ficarão vulneráveis aos inimigos ancestrais… IMAG.8-25-35-37-61-85-86-145-236-341


VISTORiA
 
¨Mas os povos católicos?… Que é Portugal e quem somos nós, portugueses? Escravos duma nacionalidade exausta, com um povo devorado até aos ossos, cheio de fome, sem liberdade, fanatizado, escravizado, inconsciente, miserável… É católica a Espanha. Mas que é a Espanha? Uma nação depauperada, como nós exausta e decadente, também enferma e aviltada. O jesuitismo minou-a desde os alicerces… É católica a Itália. Mas essa só agora começa a libertar-se, fazendo substituir o templo pela escola, o frade pelo professor, o devoto pelo industrial. Porque a Itália tem sido um foco imenso de miséria moral e económica… É católica a Áustria. Mas como Portugal, como a Espanha, a Áustria é uma nação vencida, onde vegeta um povo miserável, em perpétuo conflito consigo próprio, os negócios sempre mal…

Isto sem sairmos da Europa, porque o mesmo acontece nas duas Américas. Pois que são o Paraguai, o Brasil, o Chile, o Equador, o México, a Bolívia, católicos, comparados com os povos do norte, protestantes?
Tomás da Fonseca
- Sermões da Montanha (1909 - excerto)

TRAJECTÓRi

ALEXANDER GRAHAM BELL

Alexander Graham Bell nasceu em Edimburgo, a 3 de Março de 1847, no seio de intelectuais: neto de um professor de retórica, o pai era mestre de dicção. Da mãe colheu inclinação para a música, e foi pela linguística que o adolescente - estudante na cidade natal e em Londres - entrou em contacto com o mundo do som. Tendo contraído tuberculose em jovem, a família emigrou para o Canadá, com um clima benéfico. Em 1870, residiam no Ontário; um ano depois, fixaram-se em Boston. Recuperado, desenvolveu o método do discurso visível (para expressão dos surdos-mudos de nascimento) com o progenitor, e investigou a transmissão eléctrica da voz humana. Professor de fisiologia da fala na Escola de Retórica da Universidade de Boston, fazia experiências com o recém-criado telégrafo, em 1874, quando construiu o aparelho que lhe proporcionaria fama mundial: o telefone, registado em 1876. Casou-se, então, com Mabel Hubbard. Inventou ainda o audiómetro (para medir a acuidade do ouvido), a balança de indução (que localiza objectos metálicos no corpo humano) e, em 1886, o primeiro cilindro de cera para gravar som, ou gramofone. Em 1892, foi-lhe concedida a cidadania americana. Esteve entre os fundadores da revista Science (1883) e da National Geographic Society, a que presidiu de 1896 a 1904. Em 1895, interessara-se pela aeronáutica, organizando a Associação Para Experiências Aéreas (1907). Faleceu em Cape Breton, Nova Escócia (Canadá), a 2 de Agosto de 1922.

VISTORiA

 As Duas Flores

¨São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo, no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu…
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar…
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas… Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
Castro Alves
   
MEMÓRiA
 
03MAR1847-1922 - Alexander Graham Bell: Cientista escocês, inventor do telefone - «Um país que conseguir o domínio do ar, em última análise logrará o controlo do mundo». IMAG.36-121-135

¨ 04MAR1927-2012 - Jacques Dupin: Poeta francês, co-fundador da revista L’Éphemère (1966) - «Poeira fina e seca no vento / Chamo-te, pertenço-te. / Poeira, feição a feição, / Que o teu rosto seja o meu, / Inescrutável no vento». IMAG.435

¯05MAR1887-1959 - Heitor Villa-Lobos: Compositor e maestro brasileiro - «Considero minhas obras como cartas que escrevi à posteridade, sem esperar resposta». IMAG.251

06MAR1917-2005 - William Erwin Eisner, aliás Will Eisner: Autor americano de banda desenhada, argumentista e ilustrador, criador de The Spirit (1940) - «O estilo é o resultado do nosso fracasso para atingir a perfeição». IMAG.22-240-388

¨ 06MAR1927-2014 - Gabriel García Márquez: Escritor colombiano, radicado no México, autor de O Amor Nos Tempos de Cólera (1985), distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (1982) - «O ofício de escritor é, talvez, o único que se torna mais difícil à medida que mais se pratica. A facilidade com que me sentei a escrever aquele conto, numa tarde, não pode comparar-se ao trabalho que me custa, agora, a escrever uma página». IMAG.13-224-261-294-391-509

07MAR1887-1961 - José Herculano Stuart Torrie de Almeida Carvalhais, aliás Stuart Carvalhais: Artista português, desenhador, fotógrafo, cineasta, figurinista - «A vida da cidade enfastia-me. É questão de saúde. Os vinhos cá fora são melhores, não são tão falsificados». IMAG.102-121-303-349-353-413-588

¨ 10MAR1877-1968 - José Tomás da Fonseca: Escritor português, autor de Sermões da Montanha (1909) - «É o escritor anticlerical português de maior renome» (1897 - Lopes de Oliveira).IMAG.122 -292-303-429-465-513

¨ 14MAR1847-1871 - António Frederico de Castro Alves: Poeta brasileiro - «Na hora em que a terra dorme / enrolada em frios véus, / eu ouço uma reza enorme / enchendo o abismo dos céus». IMAG.216-239-463
          
INVENTÁRiO

PORTUGAL E BRASIL

¸ «O cinema falado em português claro, articulado e simples, é compreensível ao ouvido brasileiro, como em Lisboa ninguém deixa de entender o português do Brasil, quando pronunciado por quem fale bem» - dizia Leitão de Barros no Rio de Janeiro, em finais de 1949, a propósito de Vendaval Maravilhoso - sobre o poeta brasileiro Castro Alves, e seus amores pela artista nossa Eugénia Câmara, protagonizados por Paulo Maurício e Amália Rodrigues, num elenco dos dois países. Um épico ambicioso e exaltante, de Produções Atlântico e David Serrador, filmado sobretudo no complexo da Tobis Portuguesa e da Lisboa Filme, e só parcialmente em exteriores ou estúdios de Niterói, Bahia e Rio, com milhares de figurantes. Dirigiram a fotografia Francesco Izzarelli e Aquilino Mendes, sendo a música de Oscar Lorenzo Fernández executada por Luís de Freitas Branco. Barros estudou o tema durante anos, com os co-argumentistas Joracy Camargo e José Osório de Oliveira, tendo feito, em 1947, uma viagem de preparação ao Rio. Ainda em destaque, um dos maiores acontecimentos brasileiros do século XIX - a abolição da escravatura… Em paralelo com o esplendor cénico e visual, destaca-se a manifestação exuberante dos rituais e costumes populares. Embora evitando uma implicação política sobre a militância do poeta dos escravos, em privilégio do idealismo humanista, libertário, Barros enfrentou uma forte condenação da Censura portuguesa. Vendaval Maravilhoso estreou no Tivoli, em Dezembro de 1949, com breve pateada - mas o próprio cineasta já não tinha ilusões, pois resultou «demasiado português para os brasileiros e demasiado brasileiro para os portugueses». O fracasso comercial nas duas bandas do Atlântico, após graves problemas financeiros quanto aos compromissos da outra parte, vergaram Leitão de Barros - que não voltou a ensaiar nenhuma obra longa, e muito tempo depois evocaria esta aventura com palavras amargas.
                       
CALENDÁRiO
 
¢16JAN-20FEV2016 - Em Lisboa, Fundação Carmona e Costa apresenta É - exposição de desenho de Rui Horta Pereira, sendo curador Nuno Faria. IMAG.541
    
BREVIÁRiO
 
¨Relógio D’Água edita Da Natureza das Coisas de Lucrécio (99aC-55aC); tradução de Luís Manuel Gaspar Cerqueira. IMAG.386

¨Dom Quixote edita Dias Comuns de José Gomes Ferreira (1900-1985). IMAG.23-270-278-350-363-440-502

¨Assírio & Alvim edita Cavaleiro Andante de Almeida Faria. IMAG.463-498-554  



terça-feira, março 15, 2016

IMAGINÁRiO #600

José de Matos-Cruz | 24 Fevereiro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO
 
FENÓMENOS
No Ocidente, Pokémon é um fenómeno compósito, sobre o qual convergem a propensão artística de sectores primordiais entre os criadores ianques, o culto sublimado por significativas camadas de um público mentor, e as amplas conexões de uma próspera / multifacetada indústria de conteúdos lúdicos, do Japão aos Estados Unidos. O combate de Pocket Monsters - em síntese, Pokémon - travou-se, a partir de 1996, no território nipónico do game-boy, expandindo-se em 1998 como série televisiva favorita dos jovens americanos, entre os quatro e os dezasseis anos. Depois, foi a rápida conquista da Europa. Finalmente, atingiu o grande ecrã com Pokémon: O Filme / Pokémon: The First Movie (1999) de Kunihiko Yuyama, sob a irrepreensível chancela Warner Bros. Pela original concepção de Satochi Tajiri, que a Nintendo impulsionou além-fronteiras, tudo foi explorado em cartões, livros, canções, logo jorrando um surto fanático pela via Internet… Entretanto, a pokémania converteu-se em problema sociológico, e Pokémon: O Filme num sucesso absoluto. IMAG.189



CALENDÁRiO

¯1925-05JAN2016 - Pierre Boulez: Músico e ensaísta francês, compositor, maestro e pianista - «Estamos diante da personalidade mais marcante e influente que a música da tradição erudita ocidental conheceu desde o final da II Guerra Mundial» (Bernardo Mariano). IMAG.67-236-317-343-358-411
 
µ05-16JAN2016 - Em Braga, Salão Nobre do Theatro Circo apresenta As Variações de António - exposição de fotografia de Teresa Couto Pinto, sobre António Variações/António Joaquim Rodrigues Ribeiro (1944-1984). IMAG.99-470

07-30JAN2016 - Bedeteca da Amadora expõe Estúpidos, Maldosos e Semanais. Uma Constelação Em Torno do Charlie Hebdo, sendo curador Pedro Moura em colaboração com Osvaldo Macedo de Sousa. IMAG.499-550-553

¯08JAN1947-10JAN2016 - David Robert Jones, aliás David Bowie: Artista inglês, cantor e compositor, produtor musical, actor - «Ao que parece, há muita gente que pretende ser imortal… Andamos atrás de quê, exactamente? Quem é que quer arrastar-se, velho e decadente, até ter noventa anos? Só por uma questão de ego? Seguramente, não é esse o meu desejo».

¢14JAN-31MAR2016 - Em Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda apresenta, na Galeria de Pintura do Rei D. Luís, Belas Artes da Academia. Uma Colecção Desconhecida - exposição de pintura, escultura e desenho, por ocasião do 180º aniversário da Academia Nacional de Belas Artes/ANBA, sendo comissária executiva Cristina Azevedo.
          

VISTORiA

Maria Lisboa

¨É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata.
Na canastra, a caravela;
no coração, a fragata.

Em vez de corvos, no xaile
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile co’o mar.

É de conchas o vestido;
tem algas na cabeleira;
e nas veias o latido
do motor de uma traineira.

Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio, Maria.
Seu apelido, Lisboa.
David Mourão-Ferreira

VISTORiA

®E vós, senhores, aproveitai de tudo o que vistes para vantagem e segurança dos vossos corações.  E se alguma vez estiverdes numa ocasião de duvidar, quase a ceder, pensai nos artifícios que vistes. E lembrai-vos da Estalajadeira!
Carlo Goldoni
A Estalajadeira (excerto)



¨A través del follaje perenne
que oír deja rumores extraños,
y entre un mar de ondulante verdura,
amorosa mansión de los pájaros,
desde mis ventanas veo
el templo que quise tanto.

El templo que tanto quise…,
pues no sé decir ya si le quiero,
que en el rudo vaivén que sin tregua
se agitan mis pensamientos,
dudo si el rencor adusto
vive unido al amor en mi pecho.
Rosalía de Castro
- A Orillas del Sar

¨ Ela própria tirou, num movimento brusco, o vestido e a combinação. Dobrou, depois, a colcha, e puxou para trás o lençol e o cobertor. E tudo isto, a sábia segurança com que fazia tudo isto, a desenvoltura com que se me entregou, os gritos roucos, a gesto de, no último momento, cravar os dentes na almofada – tudo isto me deu a repulsiva sensação de que se tratava de uma profissional…
Mas quando abri os olhos e vi a expressão dos olhos dela, o rosto que de repente se fizera muito mais jovem, aquela beatitude afogueada – senti-me injusto, senti quanto é injusto condenarmos seja quem for. Parecia ter dezasseis anos.
David Mourão-Ferreira
- E Aos Costumes Disse Nada (excerto)
- Gaivotas Em Terra
   
MEMÓRiA
 
¨ 24FEV1837-1885 - Rosalía de Castro: Novelista e poetisa galega, autora de Folhas Novas (1880) - «De improviso los ángeles / desde sus altos nichos / de mármol, me miraron tristemente». IMAG.43-522

¨ 24FEV1927-1996 - David de Jesus Mourão-Ferreira, aliás David Mourão-Ferreira: Ficcionista e poeta português - «Não perguntem nada: nós estamos dentro / Do aro de frio, no frio do muro, / Tão longe da feira do Tempo!». IMAG.90-107-192-438-513-566

¨ 25FEV1707-1793 - Carlo Osvaldo Goldoni, aliás Carlo Goldoni: Dramaturgo italiano - «Discutir gostos, é tempo perdido… Não é o belo que é belo, mas sim aquilo que agrada». IMAG.134-405-441


¯1936-22JAN1977 - Maysa Figueira Monjardim, aliás Maysa Matarazzo: Compositora e cantora brasileira - «Quando estou só, tenho certeza de que sou maior do que eu mesma, e isto me apavora. Ninguém deve conhecer a sua própria dimensão». IMAG.253-565
     
SUMÁRiO

António Variações - Perfil
¯Filho de camponeses e barbeiro de profissão foi, apesar da curta carreira, um dos principais nomes da música ligeira portuguesa.
Em 1981, o primeiro single tinha os temas Povo Que Lavas No Rio de Amália Rodrigues e Estou Além, a que se seguiu Dar e Receber (1984). A sua música misturava pop, rock, blues, fado.

09JUN2009 - Diário de Notícias
                 


BREVIÁRiO
 
¯Sony Music edita em CD, Blackstar de David Bowie (1947-2016). IMAG.194-223-232-292-333-338-488
 
¨ Dom Quixote edita Astronomia de Mário Cláudio. IMAG.51-220-520-522-541-591
 
¨ Averno edita Amor Universal de Billy Collins; tradução de Ricardo Marques.
 
¯Universal edita em CD, sob chancela Deutsche Grammophon, Complete Concerto Recordings por Martha Argerich e Claudio Abbado (1933-2014). IMAG.202-217-220-229-244-285-296-318-327-449-452-490-497-534-563-598
 
¨ Relógio D’Água edita Fogo Pálido de Vladimir Nabokov (1899-1977); tradução de Telma Costa. IMAG.63-223-253-272-325-338-418-503-504-505-507

¨ Presença edita Diálogo Entre o Autor e o Crítico de José-Augusto França. IMAG.92-195-201-232-235-490-572
        
EXTRAORDINÁRiO

OS ALTERNATIVOS - Folhetim Aperiódico

QUANDO ME ENTERNEÇO EM VÃO, DESAPAREÇO - 3

Por fim, já estavam mais aliviados, junto ao antigo Cais de Ver-o-Peso. Porém, dentro de si, cada um remordia o parceiro. Ele a penas lhe daria amarguras, mas ela não lhe ia retribuir com rebuçados.
Isco e anzol.
O Petisco havia de mastigá-la, até desenjoar. Sopas de cavalo cansado. A Chiba desejaria castigá-lo. Espevitando o animal, sem lhe matar o bicho.
Pelo menos, navegavam nesta espera. Que, no mais, sempre Lisboa, a caprichosa, se afectava, qual ancoradouro em arribada.
Portanto, eles derivavam, um contra o outro - e também de encontro ao mundo. Incertos, naufragando em terra firme.
Pescarias tão profundas que uma bóia de cortiça à tona dos desvarios.
– Continua    


quarta-feira, março 02, 2016

IMAGINÁRiO #599

José de Matos-Cruz | 16 Fevereiro 2017 | Edição Kafre | Ano XIV – Semanal – Fundado em 2004


PRONTUÁRiO
 
APARÊNCIAS
Uma intriga sofisticada. Uma ilustração deslumbrante. Uma teia de artifícios. Uma fusão reveladora. Eis o talento perverso, o fascínio sensual de Vittorio Giardino - argumentista e ilustrador de Férias Fatais / Vacances Fatales (1991)… Pessoas que representam, personagens que desvendam. Episódios de aparência banal, conspirações da realidade inócua, compõem o destino em seis opções para todos os anseios e apetites: Férias Programadas em Marrocos, Húmido e Distante em Banguecoque, Sob Um Nome Falso em Capri, Safari em Ngorongoro, Época Baixa à beira-mar, Segredos Inocentes numa estância de esqui. Transitando com uma elegância surpreendente do enleio gráfico ao jogo das palavras, Giardino evolui por atmosferas serenas, ou aprazíveis, entre gente errática, que se entrega aos prazeres e aos acasos, assumindo afinal as facetas mais ocultas ou monstruosas do ser humano. O olhar intenso, a mentira insinuante, a traição banal, a ambição funesta, corrompem pela ironia cáustica a pose destes homens e mulheres virtualmente ociosos mas, afinal, intensos e activos na sua teia inexorável de cumplicidades e vitimações. IMAG.75

MEMÓRiA
 
¨16FEV1927-2015 - Maria Luísa Saraiva Pinto dos Santos, aliás Luísa Dacosta: Escritora portuguesa, autora de Província (1955), distinguida com o Prémio Máxima de Literatura (1992) - «Desde muito jovem, considerou que a escrita era um modo de lutar contra as injustiças e a indiferença» (Guilherme d’Oliveira Martins). IMAG.554

1904-20FEV1987 - Edgar Pierre Jacobs: Artista belga, cantor lírico, pintor e cenógrafo, argumentista e ilustrador de banda desenhada, criador de As Aventuras de Blake e Mortimer (1946) - «Hoje, a arte de Jacobs parece ao mesmo tempo clássica e moderna, de onde a sua prosperidade e difusão sem precedentes… Finalmente, aquele que veio para a banda desenhada malgré lui, tornou-se num dos dois pilares históricos na Europa, juntamente com Hergé, o seu irmão inimigo e, tal como ele, situa-se hoje acima da sua disciplina, já que a universalidade dos seus talentos artísticos e da sua mensagem permitiu-lhe transcender a sua época para a eternidade» (Stéphane Thomas - L’Immanquable). IMAG.10-66-119-218-245-281-348-427-451-460-487-507


R1632-21FEV1677 - Bento de Espinosa: Filósofo racionalista holandês, de família judaica portuguesa, autor de Ética e Tratado Teológico-Político - «Tanto a decisão da mente, quanto o apetite e a determinação do corpo são, por natureza, coisas simultâneas, ou melhor, são uma só e mesma coisa, a que chamamos decisão quando considerada sob o atributo do pensamento e explicada por si mesma; e determinação, quando considerada sob o atributo da extensão e deduzida das leis do movimento e do repouso». IMAG.396

¢1928-22FEV1987 - Andrej Varhola Jr, aliás Andy Warhol: Pintor, cineasta e empresário americano, de origem checa, símbolo da pop art - «No futuro, todas as pessoas serão famosas durante quinze minutos». IMAG.64-119-128-173-189-319-520

¢23FEV1817-1904 - George Frederic Watts: Pintor simbolista inglês - «O que eu pretendo é fazer as pessoas pensarem». IMAG.473

¯1929-23FEV1987 - José Afonso: Cantor e compositor português - «Que amor não me engana / Com a sua brandura / Se de antiga chama / Mal vive a amargura // Duma mancha negra / Duma pedra fria / Que amor não se entrega / Na noite vazia» (excerto). IMAG.6-119-170-237-269-328-421-422-427
             
CALENDÁRiO
 
¯1945-28DEZ2015 - Ian Fraiser Kilmister, aliás Lemmy Kilmister, aliás Lemmy: Músico inglês, fundador e vocalista dos Motorhead - «Éramos a melhor banda má do mundo».

¯1950-31DEZ2015 - Stephanie Natalie Maria Cole, aliás Natalie Cole: Cantora e compositora americana, filha de Nat King Cole - «Os meus ídolos são Janis Joplin e Annie Lennox, que nada têm a ver com a típica cultura pop».
 
COMENTÁRiO
 
RNão é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a queremos, que ela nos apetece, que a desejamos, mas, pelo contrário, é por nos esforçarmos por ela, por querê-la, por ela nos apetecer, por a desejarmos, que a julgamos boa.
Espinosa
- Ética (excerto)

PARLATÓRiO
 
¢Um artista é alguém que produz coisas de que as pessoas não têm necessidade, mas que ele - por uma qualquer razão - pensa que será uma boa ideia proporcionar-lhas…
Andy Warhol

VISTORiA

Os Bravos

¯Eu fui à terra do bravo
Bravo meu bem
Para ver se embravecia
Cada vez fiquei mais manso
Bravo meu bem
Para a tua companhia

Eu fui à terra do bravo
Bravo meu bem
Com o meu vestido vermelho
O que eu vi de lá mais bravo
Bravo meu bem
Foi um mansinho coelho

As ondas do mar são brancas
Bravo meu bem
E no meio amarelas
Coitadinho de quem nasce
Bravo meu bem
P'ra morrer no meio delas
José Afonso
   
TRAJECTÓRiA
 
Edgar Pierre Jacobs

Autor belga de banda desenhada, nasceu a 30 de março de 1904, em Bruxelas (Bélgica).
Desde muito novo manifestou grande fascínio pelo desenho e pelas representações cénicas. Os seus cadernos escolares de História reproduzem cenas quotidianas, batalhas, pormenores arquitetónicos ou de indumentária, a par do esmero colocado na caligrafia, revelando o seu talento.
Após ter visto uma representação de Fausto, em 1917, nasce a sua outra grande paixão, a ópera.
Em 1919, depois de concluir a Escola Comercial, começou por trabalhar em publicidade, então inteiramente ilustrada, realizando gravuras para puzzles, álbuns para colorir, jogos, catálogos para grandes armazéns e cartazes, atividade que desenvolveu nos anos 20.
Em simultâneo, Jacobs aspirava a fazer carreira na ópera, tendo começado por ser figurante numa representação de Guilherme Tell no Teatro de La Monnaie, em 1921. Chegou a barítono da Ópera de Lille em 1929, ano em que ganhou um grande prémio de canto.
Durante os anos que esteve profundamente envolvido no meio operista, aproveitou também para utilizar o seu talento gráfico, concebendo projetos de indumentárias e maquetas de cenários. Trabalhou durante dez anos na Ópera de Lille, até ser mobilizado em 1939, com o eclodir da Segunda Guerra Mundial, e, posteriormente, com a invasão da Bélgica, pelo que a sua carreira ficou comprometida.
Com a Bélgica invadida, em 1940 recorre ao desenho como meio de sustento. Contactou a revista Bravo, para a qual realizou o mais variado tipo de ilustrações. Em 1942, quando a Bravo deixa de receber as provas da muito popular banda desenhada estado-unidense Flash Gordon, Edgar foi desafiado a continuar as suas aventuras, sob o título de Gordon l'Intrepide. No entanto, por imposição da censura alemã, teve de concluir precipitadamente o seu trabalho, que visava dar uma hipotética continuação à história criada originalmente por Alex Raymond.
Entre 1943 e 1944 continuou a trabalhar em BD, tendo sido convidado pela mesma revista a desenvolver uma história que substituísse Flash Gordon. A sua primeira BD criada de raiz foi Le Rayon «U» (O Raio «U»), que surgiu na revista Bravo, em 1943. Uma segunda versão apareceu em 1974 na revista Tintin e em álbum da Lombard.
Em simultâneo, começou a colaborar com Hergé, o pai de Tintim, em 1944, tendo participado em Tintim quando Hergé sentiu a necessidade de redesenhar e colorir várias aventuras inicialmente saídas a preto e branco. Assim sendo, realizou os desenhos dos cenários e a coloração das seguintes histórias de Tintim: O Lótus Azul, O Cetro de Ottokar, As 7 Bolas de Cristal e O Templo do Sol. Como nota do seu bom humor, Jacobs não se coibiu de se desenhar a si próprio, a Hergé e a outras pessoas conhecidas de ambos, entre os figurantes de algumas histórias.
Outra colaboração sua com Hergé esteve ligada à realização de ilustrações que documentassem a história da marinha, da aviação e do caminho de ferro, para a enciclopédia Voir et Savoir.


Em 26 de Setembro de 1946 surgiu o número inaugural da mítica revista Tintin, que ficou marcado pela estreia da série Blake e Mortimer, da autoria de Edgar Pierre Jacobs, cujos protagonistas são um capitão da força aérea ligado aos serviços secretos e um físico apaixonado pela arqueologia, ambos cidadão britânicos, cultivando toda a série um ambiente muito british de meados do século XX.
A história inicial da série, Le Secret de l'Espadon (O Segredo do Espadão), impôs-se rapidamente com sucesso ante os leitores da revista, acabando por ser reunida em dois álbuns, editados em 1950 e 1953, começando assim uma das séries de culto da BD europeia.
Depois surgiram Le Mystère de la Grande Pyramide (O Mistério da Grande Pirâmide), história também em duas partes, publicada na Tintin entre 1950 e 1954 (com álbuns editados em 1954 e 1955), e La Marque Jaune (A Marca Amarela), publicada em 1953 (álbum de 1956). Seguiram-se L'Enigme de l'Atlantide (O Enigma da Atlântida), de 1955 (álbum em 1957), SOS Météores (SOS Meteoros), de 1958 (álbum de 1959), Le Piège Diabolique (A Armadilha Diabólica), de 1960 (álbum de 1962), L'Affaire du Collier (O Caso do Colar), de 1965 (álbum de 1967) e Les 3 Formules du Professeur Sato I (As 3 Fórmulas do Professor Sato I), de 1971 (álbum de 1977), todas histórias publicadas inicialmente na revista Tintin e editadas em álbum pela Lombard.
De permeio, realizou ainda uma curta história, Le Trésor de Toutânkhamon (O Tesouro de Toutânkhamon) para a Tintin, em 1964, evocando a descoberta do célebre tesouro egípcio.
A publicação do segundo tomo As 3 Fórmulas do Professor Sato I foi sendo protelada até à sua morte, ocorrida em 1987.
Em 1986 criou a chancela Éditions Blake et Mortimer, que editou todos os álbuns num novo formato, com nova coloração e páginas suplementares, como sucedeu em O Segredo do Espadão, agora editado em três volumes.
Depois de vários problemas de saúde e tributários, que marcaram os seus últimos anos de vida, faleceu vítima da doença de Parkinson, em Bruxelas, a 20 de fevereiro de 1987, deixando uma obra pequena pelo número de títulos mas de inegável qualidade narrativa e plástica, que se tornou uma importante referência da BD franco-belga.
O derradeiro álbum, Les 3 Formules du Professeur Sato II (As 3 Fórmulas do Professor Sato II), cujos esboços deixou terminados, viria a ser concluído por Bob de Moor, sendo editado em 1990. Em 1996 Jean Van Hamme e Ted Benoit prosseguiram a série com grande êxito, a que se juntou, mais tarde, outra dupla de autores, Yves Sente e André Juillard.
http://www.infopedia.pt/$edgar-pierre-jacobs
                             
BREVIÁRiO
 
¨Livros do Brasil edita O Velho e o Mar de Ernest Hemingway (1899-1961); tradução de Jorge de Sena (1919-1978). IMAG.76-180-235-329-377-474-477