terça-feira, setembro 30, 2014

IMAGINÁRiO #524

José de Matos-Cruz | 24 Julho 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

OUSADIAS
«Confesso que tenho ideias formadas sobre os quadradinhos, a sua importância como arte e expressão. Em minha opinião, não se trata de uma linguagem autónoma, se bem que raros criadores tenham logrado uma obra incomparável, embora nem sempre reconhecida pelo público» - assim comentou Max Cabanes, um dos mais prestigiados autores de banda desenhada, na moderna expressão franco-belga. Revelado entre nós por Cabra Cega - galardoado em 1990 com o Grande Prémio no Festival de Angoulême - Cabanes regressou com Paixões / Bouquets des Flirts (1996), a partir de um insinuante e ousado argumento de Sylvie Brasquet. A acção decorre em 1975, relatando as experiências de férias, em Inglaterra, da jovem Pascale, aluna do austero Colégio de St. Joseph. Sexo, religião, valores e preconceitos, manipulações e libertinagem, contrastam-se numa narrativa insólita, irónica, entre o discurso convencional e a ilustração sem complexos. Em causa, o retrato simbólico e crítico de uma época em que a crise de mentalidades, por tempos de rotura e transição, representaria uma vivência determinante para o mundo presente. Afinal, como remataria Cabanes, «é preciso não ficarmos presos ao passado - as coisas evoluem e, com elas, nós próprios e as nossas expectativas».
     
MEMÓRiA

¨25JUL1905-1994 - Elias Canetti: Escritor búlgaro, Prémio Nobel da Literatura em 1981 - «Os homens apenas se podem salvar entre eles próprios. É por isso que, por vezes, Deus se disfarça de homem» (A Província do Homem - 1973). IMAG.388-478

¨1619-26JUL1655 - Hector Savinien de Cyrano de Bergerac: Escritor e duelista francês - «Et puis, mourir n’est rien, c’est achever de naître ; / Un esclave hier mourut pour divertir son maître ; / Au malheur de la vie on n’est point enchaîné, / Et l’âme est dans la main du plus infortuné.» (La Mort d’Agrippine - 1654).

¨26JUL1885-1967 - Emile Salomon Wilhelm Herzog, aliás André Maurois: Romancista e ensaísta francês - «A morte não pode ser pensada, pois é ausência de pensamento. Temos de viver como se fôssemos eternos».

26JUL1875-1961 - Carl Gustav Jung: Psicoterapeuta suíço, fundador da psicologia analítica - «A alma primitiva do homem confina com a vida da alma animal, da mesma forma que as grutas dos tempos primitivos foram frequentemente habitadas por animais antes que os homens se apoderassem delas». IMAG.325

O29JUL1805-1859 - Alexis-Charles-Henri Clérel, Visconde de Tocqueville, aliás Alexis de Tocqueville: Escritor francês, historiador e pensador político - «O despotismo logra governar sem fé, mas a liberdade não o consegue. Como será possível a tal sociedade escapar da destruição, se o nexo moral não é fortalecido em proporção a quanto o nexo político é descuidado? E o que se poderá fazer com pessoas que são mestres de elas próprias ou, não o sendo, estão submissas à Divindade?». IMAG.50-152


¸29JUL1905-27SET1965 - Clara Gordon Bow, aliás Clara Bow: Actriz americana de cinema - «Ser um sex symbol é difícil de suportar, principalmente quando me sinto cansada, ferida e desorientada». IMAG.286

®30JUL1925-2010 - Ursula Vian-Kübler: Bailarina, actriz de cinema dirigida por Louis Malle, Agnès Varda e Roger Vadim, casada com Boris Vian e fundadora da Association (1963) e da Fond’action Boris Vian (1992). IMAG.286

¨1886-30JUL1965 - Junichiro Tanizaki: Escritor nipónico - «Não é que tenhamos uma reserva a priori relativamente a tudo o que cintila, mas, a um brilho superficial e gelado, preferimos sempre os reflexos profundos, um pouco velados» (Elogio da Sombra). IMAG.92
                                                         
CALENDÁRiO

¨03NOV1934-03JUL2014 - Ivan Nóbrega Junqueira, aliás Ivan Junqueira: Escritor brasileiro, poeta, ensaísta, crítico literário, membro da Academia Brasileira das Letras - «[T.S.] Eliot e [Charles] Baudelaire, tanto quanto Fernando Pessoa, me ensinaram como poucos esse milagre que consiste em fazer que o pensamento se emocione e a emoção pense». IMAG.144-497


VISTORiA
 
A palavra de Deus traz a vida. A palavra do demónio traz a morte. Mas Abraxas profere palavras santificadas e malditas, que simultaneamente são fonte de vida e de morte.
Carl Gustav Jung
- Septem Sermones ad Mortuos
(1916 - excerto)

¨Não cometeu um erro e nunca gaguejou. Orgulho do seu professor, lia cada vez mais depressa. Quando acabou e o mestre lhe tirou a cartilha, fiz-lhe uma festa na cabeça e elogiei-o, em francês, mas isso percebeu ele. Voltou para o seu lugar e fez de conta que já me não via, enquanto chegava a vez do próximo aluno, tão envergonhado como pronto a errar. O professor deixou-o ir, dando-lhe uma leve palmada, e foi buscar mais um ou dois rapazes. Durante todo este quadro o barulho ensurdecedor não abrandou nunca, e as sílabas hebraicas caíam como pingos de chuva no mar agitado da escola.
Outras crianças aproximavam-se, entretanto, e olhavam-me algumas com curiosidade, algumas com atrevimento, algumas com vergonha e algumas, até, com certa coquetterie. O professor, inabalável, corria, sem piedade, com os envergonhados e deixava só os mais atrevidos. Tudo tinha o seu significado! Ele era o pobre e triste Senhor daquela secção da escola e mal a representação acabou logo lhe desapareceram do rosto todos e quaisquer leves vestígios de orgulho.
Apresentei cordialmente os meus agradecimentos, muito embora com certa condescendência, como se eu próprio fosse uma visita importante. Tão satisfeito me sentia que, com a falta de tacto que me perseguiu por toda a Mellah, resolvi voltar no dia seguinte e dar-lhe então algum dinheiro. Ainda fiquei um bocado a ver os meninos a recitar, no seu vaivém balanceado.
Tudo aquilo me tocou, tudo aquilo amei com raro amor.
 Elias Canetti
- As Vozes de Marraquexe (1968 - excerto)

A Imortalidade
¨O que é a imortalidade?
Um sopro que nos carrega
para os confins da orfandade,

onde o espírito se nega
e de si já não recorda
após a última entrega?

Que luz é a que nos acorda
quando a morte, em dada hora,
bate à porta e chega à borda

do ser que se vai embora,
mas crê que não vai de todo,
pois do invólucro que fora

algo fica em meio ao lodo
que lhe veste o corpo morto
com a púrpura do engodo?

E o que cabe ao que foi torto
e nunca exigiu conserto?
Irá chegar a algum porto?

Será que na alma um aperto
não lhe purgou a maldade
quando do fim se viu perto?

O que é a imortalidade?
Uma insígnia, uma medalha
com que se louva a vaidade?

Ou não será a mortalha
que te poupa só a cara
escanhoada a navalha?

Será talvez a mais rara
das obras que publicaste
ou da crítica a mais cara?

Será isto, já pensaste,
a herança em que se resume
o que aos amigos deixaste?

Esquece. Sente o perfume
de algo que se fez distante:
a mão de uma criança, o gume

de seu olhar penetrante
quando viu, no ermo do cais,
que o tempo que segue adiante

é o mesmo que volta atrás
e confunde a realidade,
e a desmantela, e a refaz.

É isto a imortalidade:
esse eterno e estranho rio
que corre em ti e te invade.

E o mais é só o pavio
de um lívido círio que arde
no insuportável vazio
que enche toda a tua tarde.
 Ivan Junqueira
 
COMENTÁRiO

 A psicologia do indivíduo corresponde à psicologia das nações. As nações fazem exatamente o que cada um faz individualmente; e do modo como o indivíduo age a nação também agirá. Somente com a transformação da atitude do indivíduo é que começará a transformar-se a psicologia da nação. Até hoje, os grandes problemas da humanidade nunca foram resolvidos por decretos colectivos, mas somente pela renovação da atitude do indivíduo.
 Carl Gustav Jung
- Psicologia do Inconsciente
(Prefácio - excerto)
       
ANUÁRiO

1865 - Neste ano, exportam-se da ilha de São Miguel, Açores, 197.758 caixas de laranjas.
    
BREVÁRiO

¸Edições 70 re-edita O Cinema Português Através dos Seus Filmes de Carolin Overhoff Ferreira (organização), José de Matos-Cruz, Roland Balczuweit, Martin Barnier, Bárbara Barroso, Maria do Rosário Lupi Belo, Jorge Campos, Fausto Cruchinho, Paulo Cunha, Paulo Granja, Malte Hagener, Randal Johnson, Jorge Leitão Ramos, Paulo Filipe Monteiro, Jorge Seabra, Lisa Shaw, Daniel Ribas, Luís Reis Torgal e Oliver Vogt.

¨ Publicações Europa-América edita A Queda de Artur de J.R.R. Tolkien (1892-1973); organização de Christopher Tolkien. IMAG. 10-19-125-151-353-433

¯Harmonia Mundi edita em CD, Edward Elgar [1857-1934]: Cello Concerto por Jean-Guihen Queyras, com BBC Symphony Orchestra, sob a direcção de Jiri Belohlávek.

¸Tinta da China edita Cinemateca de Pedro Mexia; prefácio de Julião Sarmento. IMAG.283-450

¨Arranha Céus edita A História da Ciência em Portugal de Carlos Fiolhais. IMAG.85

sábado, setembro 27, 2014

IMAGINÁRiO #523

José de Matos-Cruz | 16 Julho 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

MISTÉRIOS
Uma das convenções tradicionais da banda desenhada respeita à identidade secreta dos heróis, sujeitos a uma exposição pública, que os vulnerabiliza perante todos os perigos e as piores vinganças. Tal estimula os autores às mais insólitas especulações, as quais, muitas vezes, remontam às próprias origens de um desígnio justiceiro. Imagine-se então um homem privado de memória e, no entanto, constrangido por um passado obscuro, perturbante, que o torna vulnerável a volúveis suspeitas, sob ameaças que, simultaneamente, impelem o seu destino para um confronto de vingança… ou expiação! Eis os fundamentos de XIII (1984) - uma das sagas mais aliciantes, com a marca moderna da escola franco-belga. Mistério, aventura, disputam uma acção de contornos políticos - em flagrantes de espionagem, sob implicações militares - em que o poder absoluto se insinua, irreversível, pairando entre referências financeiras ou proezas criminais. Dois criadores veteranos - o argumentista Jean Van Hamme (lembrar Thorgal) & o ilustrador William Vance (lembrar Bob Morane) expandem as proezas do enigmático mas empolgante XIII entre muitos nomes, sempre mais próximo da verdade - mas o futuro é uma realidade instável… IMAG.2-10-12-32--127-218-253-281-348-451-507


CALENDÁRiO

µ27JUN-08SET2014 - Em Lisboa, Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian apresenta A Impossibilidade Poética de Conter o Infinito - exposição de fotografia de Edgar Martins sobre a Agência Espacial Europeia - ESA, sendo comissária Leonor Nazaré. IMAG.380

¨1932-27JUN2014 - Allen Richard Grossman, aliás Allen Grossman: Poeta americano, professor universitário - A sua obra «é frequentemente descrita como saindo da tradição romântica moderna da poesia lírica» (Diário de Notícias).

¯01JUL2014 - Em Miami, EUA, a Latin Academy of Recording Arts & Sciences atribui a Carlos do Carmo o Grammy Lifetime Achievement Award. IMAG.166-314-434-463-509-515

¢12JUL2014 - Em Cascais, Fundação D. Luís I expõe, na Casa Duarte Pinto Coelho (antiga Casa dos Guardas do Museu Condes de Castro Guimarães), Vidros Pintados do Salão Vermelho da Colecção Duarte Pinto Coelho (1923-2010), em colaboração com a Fundación Duques de Soria, a sua sobrinha Maria Castello Branco e a Câmara Municipal de Cascais. IMAG.222-488
        
VISTORiA

A Adormecida
¨Que segredo incandesces no peito, minha amiga,
Alma por doce máscara aspirando a flor?
De que alimentos vãos teu cândido calor
Gera essa irradiação: mulher adormecida?

Sopro, sonhos, silêncio, invencível quebranto,
Tu triunfas, ó paz mais potente que um pranto,
Quando de um pleno sono a onda grave e estendida
Conspira sobre o seio de tal inimiga.
 
Dorme, dourada soma: sombras e abandono.
De tais dons cumulou-se esse temível sono,
Corça languidamente longa além do laço,

Que embora a alma ausente, em luta nos desertos,
Tua forma ao ventre puro, que veste um fluido braço,
Vela, tua forma vela, e meus olhos: abertos.
 Paul Valéry
(Tradução de Augusto de Campos)

Simetria
¨Há uma espécie de reciprocidade entre a necessidade e o objecto que a satisfará. Não penso em beber; mas este copo ao meu alcance dá-me sede. Tenho sede, e imagino o delicioso copo de água.
Paul Valéry
- Tel Quel (1944)

MEMÓRiA

¨ 16JUL1855-1898 - Georges Rodenbach: Escritor belga de língua francesa, autor de Bruges-a-Morta (1892) - «No amor, sobretudo, é que esta espécie de requinte actua: encanto de uma mulher recém-chegada que se parece com a antiga… / Os olhos são as janelas da alma». IMAG.512

¨1917-16JUL1985 - Heinrich Böll: Escritor alemão, distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (1972) - «A poesia é a impressão de estar sempre em contacto com a morte» (Uma Memória Alemã).

¢20JUL1895-1946 - László Moholy-Nagy: Pintor e escultor húngaro, designer e fotógrafo, membro do grupo Construtivismo - «A câmara fotográfica ofereceu-nos extraordinárias possibilidades, que apenas começámos a explorar. A imagem visual expandiu-se, e as lentes modernas estão para além dos limites próximos do olhar».

®20JUL1925-2011 - Mário Alberto: Artista plástico, cenógrafo e figurinista português, co-fundador do Teatro Adoque (1974) e do grupo A Barraca (1976) - «A biografia deste cidadão exemplar pela ética, modelar pelo trabalho, pode perceber-se por aquilo que ele recusa, mais do que por aquilo que ele aceita. O que ele recusa é a hipocrisia militante, a mediocridade indomável, a ignorância atrevida, os colarinhos gomados, as frases brunidas, a bem-pensância. O que ele aceita é a coragem de ser livre, a altivez dos que enfrentam o medo, os escrúpulos dos que persistem em ter carácter contra os que vendem a alma ao Poder» (Baptista-Bastos). IMAG.380

¨ 1871-20JUL1945 - Ambroise-Paul-Toussaint-Jules Valéry, aliás Paul Valéry: Poeta francês, ligado ao simbolismo - «Um grande homem é aquele que morre duas vezes. Primeiro, como homem; e depois, como grande homem». IMAG.344

­ 1869-20JUL1955 - Calouste Sarkis Gulbenkian, aliás Calouste Gulbenkian: Engenheiro e empresário arménio otomano, naturalizado britânico - «Uma integridade inabalável subjacente, que ajuda a perceber o invulgar grau de afecto que ele inspirava aos sócios mais próximos e ao público, para quem o seu nome era uma palavra familiar» (Ralph Hewins – O Senhor Cinco Por Cento - 1957). IMAG.43

¨ 21JUL1865-1947 - Matthew Phipps Shiell, aliás M.P. Shiel: Escritor britânico, originário das Índias Ocidentais - «A especial qualidade do trabalho artístico consiste em produzir a convicção momentânea de que nada, possivelmente, poderia ser melhor» (A Nuvem Púrpura – 1901). IMAG.363
           
COMENTÁRiO

Cidadão do Mundo
 Calouste Sarkis Gulbenkian nasceu numa família arménia em 1869, ainda cidadão do império otomano. Engenheiro de petróleos, de que é um dos expoentes do seu tempo, distinguiu-se ainda como coleccionador, tendo viajado por quase todo o mundo. Fixou-se em Portugal durante a II Guerra Mundial, associando o seu nome à fundação que se tornou uma referência na vida cultural do país. Nesta encontram-se expostas as colecções que reuniu ao longo da vida.
17OUT2009 - Diário de Notícias

Mário Alberto           
- Uma Personalidade, Uma Personagem

®Outros falarão, ou já falaram, das muitas capacidades e realizações de Mário Alberto, como profissional de Teatro-Cinema-Televisão, Cenógrafo-Figurinista-Autor-Actor. Anoto e sublinho, pessoas e profissionais como ele.
O meu depoimento, que não pretende ignorar o seu talento multi    facetado, pretende englobar, como seu camarada e mano, a sua vivência de Homem do Parque Mayer. Animal de Palco, todos sabemos que ele é. Boémio incorrigível, aliando o funambulismo de tal condição a uma portentosa generosidade e um sentido de camaradagem que o tornaram um mito do Parque Mayer e da Lisboa nocturna que já não há.
Porque o Parque Mayer não era só um centro de Teatros, restaurantes e animação brejeira, era um pólo do Portugal salazarento e jesuítico que atraía gente de todo o País.
O provinciano que vinha a Lisboa não perdia uma visita ao Parque Mayer. Não perdia a Revista de sucesso do momento. Mais: vinha ouvir os actores de revista censurarem, ainda que de modo cauteloso, o ditador Salazar.
Ora o Parque Mayer, com Mário Alberto e outros, era o centro urbano dessa sátira ao regime. Não receio exagerar, todas as referências que fiz atrás têm muito a ver com o estilo e significado da sua pintura. Esta condensa nas telas dos quadros a explosão do seu espírito inconformista, pela sua rebeldia que, mesmo de cabelos brancos, conserva… Não se trata de terrorismo nem dessas barbaridades de agora. Mas tais quadros são actos explosivos de uma testemunha do último meio século português, de um interventor, de um inconformista, de um Resistente.
Luiz Pacheco
(excerto)
            


PARLATÓRiO

¨Sobre os amantes e os soldados, sobre os homens condenados à morte, sobre todos aqueles que o poder cósmico da vida preenche, o poder do destino desce por vezes imprevisto, numa súbita iluminação que será a sua graça e o seu fardo.
Heinrich Böll
        
BREVÁRiO

¸Guerra e Paz edita O Cinema Ideal e a Casa da Imprensa - 110 Anos de Filmes de Maria do Carmo Piçarra. IMAG.445

Tinta da China edita As Fantásticas Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy III - Requiem de Filipe Melo (argumento), Juan Cavia e Santiago Villa (ilustração); prefácio de Tob Hooper. 
IMAG.308-335-337

segunda-feira, setembro 15, 2014

IMAGINÁRiO #522

José de Matos-Cruz | 08 Julho 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

FASCÍNIOS
Após uma primeira geração de notáveis artistas pioneiros, a banda desenhada de expressão franco-belga exploraria distintos horizontes e protagonistas, sob a estratégia das principais editoras, e visando um mais amplo público de adolescentes e adultos. Aos aliciantes da aventura correspondem os temas virtuais, testando-se versáteis grafismos pela pulsão estética e narrativa. Por tais parâmetros sobressai Jean-Pierre Gibrat, cuja notoriedade de firmou com La Parisiènne (1983), na revista Pilote. Autor de minuciosa ilustração, sobre a fértil escrita de Daniel Pecqueur, Gibrat desenvolveu a saga de Claire Dulac, uma fascinante navegadora solitária em Maré Baixa/Marée Basse (1996). Após Pinóquia/Pinocchia (1995), um «conto de fadas para adultos», desta vez - subvertendo a fantasia moral, em todos os estigmas irónicos e perversos - não é um sapo desencantado, mas um macaco-de-circo que, ao beijo da bela Claire, se transforma em príncipe… amestrado! Uma Veneza pós-apocalíptica ressurge, sempre sedutora e fétida, tendo-se excedido Gibrat, num fascínio gráfico entre o sortilégio erótico e a provocação estilística. IMAG.48

CALENDÁRiO

¸07DEZ1915-24JUN2014 - Eli Herschell Wallach, aliás Eli Wallach: Actor americano de cinema, carismático secundário em Os Sete Magníficos (1960) de John Sturges ou O Bom, o Mau e o Vilão (1966) de Sergio Leone - distinguido com um Óscar Honorífico (2010) pela Academia de Hollywood.
                                                                                                   
¨26JUL1925-25JUN2014 - Ana María Matute Ausejo, aliás Ana Maria Matute: Escritora espanhola, autora de O Esquecido Rei Gudú (1996), membro da Real Academia Española, distinguida com o Prémio Cervantes (2010) - «Quem não inventa, não vive». IMAG.413

¸26JUN2014 - Bando à Parte estreia Cativeiro de Rodrigo Areias (com Alzira Pinho e Irene Alves), 1960 de André Gil Mata e Yama No Anata/Para Além das Montanhas de Aya Koretzky. IMAG.284-414-514-517
                                                           
¢26JUN-25OUT2014 - Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva expõe, com Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, Tapeçarias de Portalegre Na Obra de [Maria Helena] Vieira da Silva (1908-1992), sendo curadora Vera Fino. IMAG.14-39-42-75-134-168-182-224-227-382-386-392-434-461-486-490-499-500-502

µ27JUN-31AGO2014 - No Porto, Edifício Axa apresenta L’Imaginaire d’Après Nature - exposição de fotografia de Henri Cartier-Bresson (1908-2004). IMAG.5-477

¢27JUN-21SET2014 - Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian expõe O Traço e a Cor - Desenhos e Aguarelas Na Colecção Calouste Gulbenkian.
                  
MEMÓRiA

¯09JUL1935-2009 - Mercedes Sosa, aliás La Negra: Cantora argentina - «Ela deu voz à maioria silenciosa, àqueles que não podiam falar no tempo da ditadura na Argentina» (Victor Heredia). IMAG.271 

¯10JUL1895-1982 - Carl Orff: Compositor, maestro e professor germânico, fundou em 1924 com Dorotee Günther uma escola de música, ginástica e dança - «Estas actividades interessavam-me, na medida em que cada vez mais se conectavam ao meu trabalho para o teatro». IMAG.364

10JUL1925-2009 - Vasco Granja: Pioneiro e primordial divulgador em Portugal da banda desenhada e do cinema de animação - «uma linguagem autónoma, que nada ou quase nada tem a ver com a técnica e a estética do cinema, excepto no que se refere ao suporte material». IMAG.250-384-385

¯1926-11JUL2005 - Piero Cappuccilli: Barítono italiano, prestigiado na interpretação de obras de Giuseppe Verdi - «A sua dimensão vocal, teatral e artística convertem-no em uma das maiores personalidades da representação do Século XX» (Rubén Amón).
 
¨1837-15JUL1885 - Rosalía de Castro: Novelista e poetisa galega, autora de Folhas Novas (1880) - «Bem sei que não há nada / de novo sob o céu, / Que antes outros pensaram / As cousas que ora eu penso. // Bem, para que escrevo? / Bem, porque assim somos: / Relógios que repetem / Eternamente o mesmo.» (Vaguedades - excerto). IMAG.43

VISTORiA


Cantiga
¨Eu cantar, cantar, cantei;
a graça não era muita,
pois nunca por meu pesar,
fui eu menina graciosa.
Cantei como foi possível,
dando voltas e mais voltas
assim como quem não sabe
perfeitamente uma cousa.
Porém depois de mansinho
e um pouco mais alto agora,
fui soltando essas cantigas
como quem não quer a cousa.
Eu bem quisera, é verdade,
que elas fossem mais bonitas;
eu bem quisera que nelas
bailasse o sol com as pombas,
as brancas águas com a luz,
e os ares mansos com as rosas.
Que nelas claras se vissem
a espuma das verdes ondas,
do céu as brancas estrelas
da terra as plantas formosas,
as névoas de cor sombria
que lá nas montanhas voam;
os pios do triste mocho,
as campainhas que dobram
a primavera que ri,
e os passarinhos que voam.

E canta que canta, enquanto
os corações tristes choram.
Isto e ainda mais quisera
dizer com língua graciosa;
mas onde a graça me falta,
o sentimento me sobra.
Entretanto isto não basta
par explicar certas cousas
que, às vezes, por fora um canta
enquanto por dentro chora.
Não me expliquei qual quisera:
sou de pouca explicação;
se graça em cantar não tenho,
o amor da terra me afoga.
Eu cantar, cantar, cantei,
a graça não era muita,
mas que fazer – desgraçada! –
se não nasci mais graciosa.
Rosalía de Castro
- Tradução de Henriqueta Lisboa
         
ANUÁRiO

O1865 - O número de empregados do Estado em todo Portugal é de 12.811, sendo 3.503 no Ministério dos Negócios da Fazenda, 3.290 no Ministério dos Negócios do Reino, e de 3.442 no Ministério dos Negócios da Guerra.
    
BREVÁRiO

¨Dom Quixote edita Retrato de Rapaz- Um Discípulo No Estúdio de Leonardo da Vinci de Mário Cláudio. IMAG.51-220-520

¯Alia Vox edita em CD, Orient Occident II - Homenagem à Síria por Jordi Savall, com Hispèrion XXI.
       
GALERiA

Tapeçarias de Portalegre
Na Obra de Vieira da Silva

¢A exposição Tapeçarias de Portalegre Na Obra de Vieira da Silva integra todas as tapeçarias realizadas na Manufactura, e agora na posse de instituições e particulares. A única excepção é a obra Êxodo, de 1981, que pela sua enorme dimensão não  pode ser exposta no espaço do museu. O primeiro contacto de Maria Helena Vieira da Silva com o têxtil data de 1929, ao realizar maquetas de tecidos e tapetes para um atelier em Paris, que nunca viriam a ser executados. Em 1937, Vieira da Silva e a Arpad Szènes recebem como encomenda copiar uma pintura de Matisse e outra de Braque, para serem reproduzidas em tapeçaria: a de Braque seria tecida, a de Matisse não. Em 1954, Vieira da Silva ganha o concurso de tapeçarias que serviria para celebrar o centésimo aniversário da Universidade de Basileia, projecto que desenvolve durante vários anos e que terá sido o primeiro e o mais importante para a artista na área do têxtil. Em 1965, outras manufacturas realizam tapeçarias a partir de obras de Vieira da Silva,  como a Manufactura de Beauvais e os ateliers Gobelins.
Em Portugal, a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, por iniciativa de Guy Fino, inicia em 1968 a execução de um importante conjunto de tapeçarias a partir de obras de Vieira da Silva; não tendo intervenção directa nas peças, as tapeçarias tecidas a partir da sua obra agradavam-lhe. Todavia, Vieira da Silva criou poucos verdadeiros cartões de tapeçaria, em resposta a encomendas: em 1960 realizou o cartão Mouraria para as Manufacturas de Portalegre (a tapeçaria só seria realizada em 1975), um desenho de composição e cor simples; em 1971 concebe uma Biblioteca para a sala das Actas da Faculdade de Letras da Universidade de Bordéus, produzida nos Ateliers Pinton d’Aubusson. A pedido do Estado francês, Vieira da Silva pinta uma segunda versão, com uma gama de cores completamente modificada: a conhecida Bibliothèque En Feu (1970-1974), obra notável adquirida pela Fundação Calouste Gulbenkian, também realizada nos Ateliers Pinton.
Em 1981, o Ministério da Cultura e o Ministério dos Negócios Estrangeiros franceses encomendam a Vieira da Silva uma tapeçaria destinada ao altar da capela do Palácio dos Marqueses de Abrantes, sede da Embaixada de França em Lisboa, para além de cinco painéis pintados destinados à sacristia. Feita uma experiência com um pormenor do original, uma tapeçaria de pequenas dimensões para testar a técnica e confirmar a opção dos tons quentes e claros que, conjugados com o tema espiritual melhor estabelecessem uma relação directa com os cinco painéis, seria então produzida a tapeçaria final.
A Manufactura de Tapeçarias de Portalegre nasce em 1946, fundada por Guy Fino e Manuel do Carmo Peixeiro, e ainda hoje se dedica a preservar e reabilitar a arte da tecelagem,  e a reafirmar a técnica da tapeçaria como técnica artística original. Maria Helena Vieira da Silva, como outros artistas portugueses, participou na promoção da arte através da prática da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, iniciando um incontornável processo de autonomia da tapeçaria artística. É da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, hoje fragilizada pela escassez de recursos humanos e financeiros, o maior conjunto de tapeçarias suas, que permite apreender a diversidade e a unidade da sua produção artística.
     
EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS
- Folhetim Aperiódico

ENTRE AS TERRAS DO SOL E O REINO DAS TREVAS - 1
9 de Novembro de 1903
Com o esbatido rosto em tristeza, Celeste pairou o olhar, de novo, sobre as palavras escritas ao vento. Apertou com quanta força podia e, pelo atrito do seu desespero, a folha mensageira entrou em combustão espontânea. Ou tê-lo-ia Hélio previsto? As frases inflamadas, desistindo embora de mais um encontro, iam esfumando as últimas expectativas íntimas à bela moça.
 
– Continua

sexta-feira, setembro 12, 2014

IMAGINÁRiO #521

José de Matos-Cruz | 01 Julho 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

REINVENÇÕES

Ao ser confrontado, em entrevista, com o fascínio que o imaginário americano exerce, sobre os artistas europeus, logo no domínio especializado da aventura criminal, Jacques Tardi - o prestigiado autor de Griffu (1977) - comentou uma insinuante estratégia de expropriação e reincidência: tradicionalmente, o que o Velho Continente inventa, é explorado pelo Novo Mundo - em especial ao nível tecnológico e artístico, como o cinema. Agora, a banda desenhada - logo de expressão franco-belga - permite transfigurar esses sinais mitificados, sob o signo do espectáculo. Eis, também, a perspectiva recriada em O Peixe-Palhaço / Le Poisson-Clown (1998) por David Chauvel (argumento) & Frédéric Simon (grafismo). Chegado de Henryetta, a terra natal no Oklahoma, à grande cidade, a Denver dos anos ’50, Happy Wimbush - um jovem rústico e simplório - é envolvido nas engrenagens sofisticadas e violentas da Máfia… Uma narração confessional, uma ilustração evolutiva, fundamentam as vivências circunstanciais de um nóvel e relutante herói.

CALENDÁRiO

¢07JUN-14SET2014 - Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado expõe, com Fundação Carmona e Costa, Antológica - da Pintura à Pintura de Pires Vieira, sendo curadora Adelaide Ginga.

¨1927-15JUN2014 - Daniel Keyes: Professor e escritor americano, autor de Flowers For Algernon (1966), distinguido com o Prémio Nebula - «A minha actividade académica estava a afastar-me das pessoas que amo… Até que pensei: o que aconteceria, se fosse possível ampliar a capacidade intelectual de alguém?» (Algernon, Charlie, and I: A Writ’s Journey - 2000).

¸16JUN-JUL2014 - Em Lisboa, Cinemateca Portuguesa apresenta António da Cunha Telles - Mudar de Vida, retrospectiva de homenagem ao realizador, produtor e distribuidor, personalidade fundamental do Novo Cinema Português. IMAG.14-37-158-362-434-445

¯1928-18JUN2014 - Horace Ward Martin Tavares Silva, aliás Horace Silver: Compositor e músico americano de jazz, saxofonista e pianista, co-fundador do hard bop, líder de The Jazz Messengers, tocou com Stan Getz ou Miles Davis, tendo criado «um legado entre as décadas de 1950 e 1960 altamente influente» (Diário de Notícias).

¸19JUN2014 - NOS Audiovisuais estreia O Homem Duplicado/Enemy de Denis Villeneuve; sobre a obra de José Saramago, com Jake Gyllenhaal e Isabella Rossellini.

®1930-20JUN2014 - Jaime Gaspar Gralheiro, aliás Jaime Gralheiro: Dramaturgo, encenador, advogado e político português, co-fundador do CITAC/Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, autor de Onde Vaz, Luiz? (1980) - «Homem de princípios, convicções e palavra firme e clara» (Sociedade Portuguesa de Autores/SPA).

¢27JUN-31AGO2014 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Travessia - exposição de pintura e escultura de Cláudia Lima.

27JUN-31DEZ2014 - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa expõe Portugal e a Europa Em Cartoons, em organização do Gabinete de Informação do Parlamento Europeu em Portugal, com o Instituto de História Contemporânea e o Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem/CNBDI da Câmara Municipal da Amadora; inclui visões de António Jorge Gonçalves, Cristina Sampaio, Fernando Relvas, Rodrigo de Matos e Telmo Ferreira, sobre a União Europeia e a participação de Portugal.
                    
MEMÓRiA


¸01JUL1925-2011 - Farley Granger: Actor norte-americano de cinema, televisão e teatro - «Sinto-me mais à vontade em frente dos espectadores do que de uma câmara. Há uma correspondência entre nós. O público ao vivo afecta-me, e isso é bom». IMAG.351

COMENTÁRiO

¸François Truffaut: Farley Granger, que estava excelente em Rope / A Corda (1948), não convence muito em Strangers On a Train / O Desconhecido do Norte Expresso (1951). Eu julgava que o senhor queria apresentá-lo assim, lançando-lhe um olhar muito severo, pois interpreta uma personagem de play-boy oportunista: ao pé dele, Robert Walker é muito inspirador, e torna-se bastante mais simpático. Claramente, apercebemo-nos de que, neste filme, as suas simpatias vão para o mau.
Alfred Hitchcock: Claro que sim; sem dúvida nenhuma.
François Truffaut
- O Cinema de Alfred Hitchcock
     
PARLATÓRiO
 
OO Orçamento nacional deve ser equilibrado. É preciso reduzir as dívidas públicas, a arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Há que reduzir os pagamentos a Governos, ou a Nação vai à falência. As pessoas têm de reaprender a trabalhar, em vez de viverem por conta pública.
Marcus Tullius Cicero
(Roma - 55aC) 
    




ANTIQUÁRiO

JUL1865 - Neste momento, trabalham 14.589 operários nas estradas e em outras obras públicas do Reino de Portugal.
    
ANUÁRiO

1875 - Neste ano, o distrito do Porto produz 3.945 litros de mel e 2.435 quilos de cera.
         
NOTICIÁRiO

Maria das Tairocas
Foi ontem condenado como vadio, em dois meses de prisão, o célebre Augusto Nunes, por alcunha a Maria das Tairocas, que há tempos deu muito que falar, no sujo caso dos camareros. Depois de cumprida a pena, vai ser entregue ao Governo.
05JUL1885 - Diário de Notícias
          
DOCUMENTÁRiO

António da Cunha Telles
- Mudar de Vida
¸Importante figura do cinema português, que marcou fortemente no início dos anos 1960, quando emergiu como produtor do Novo Cinema, quase uma década antes de se iniciar na realização, António da Cunha Telles (nascido no Funchal, em 1935) é protagonista de um prolífero percurso cujas várias vertentes, como realizador, produtor e distribuidor, marcam o panorama da cinematografia portuguesa há seis décadas. É à sua obra que a Cinemateca dedica uma retrospectiva - integral como realizador, e extensiva nos capítulos da produção e da distribuição. Intitulada António da Cunha Telles - Continuar a Viver, a manifestação tem início com a projeção de O Cerco, a sua primeira longa-metragem como realizador em 1970, e é acompanhada pela publicação de um catálogo.
Autor a esta data de seis longas-metragens, em que para além de O Cerco, se incluem Meus Amigos (1974), Continuar a Viver ou Os Índios da Meia Praia (1976), Vidas (1983), Pandora (1993) e Kiss Me (2004), como realizador, Cunha Telles filmou retratos de geração (O Cerco, Meus Amigos, Vidas), cruzou a militância do Cinema de Abril com um surpreendente olhar etnográfico (Os Índios da Meia Praia), filmou uma ficção em que é permitida a leitura de um autorretrato (Pandora) e um filme de época em que voltou ao início dos anos 60, propondo um surpreendente retrato feminino (Kiss Me).
Associando o início da sua atividade, como produtor, ao arranque do Novo Cinema nos anos 60, com Os Verdes Anos de Paulo Rocha (1963), Belarmino de Fernando Lopes (1964) e Domingo à Tarde de António de Macedo (1965), António da Cunha Telles produziu também, nesses anos, Faria de Almeida, Manuel Guimarães e Carlos Villardebó, mas também Pierre Kast (PXO, correalizado com Jacques Doniol-Valcroze, e Vacances Portugaises, 1963-64, este último com Clara d'Ovar) e François Truffaut (La Peau Douce, 1964, de que foi produtor associado). Os filmes das Produções Cunha Telles são também mostrados, neles se incluindo uma sessão de números de 1967 do jornal de actualidades Cine Almanaque, produzido para a Ulyssea Filme.
O seu relevante trabalho como distribuidor na Animatógrafo está representado na retrospectiva, com a exibição de filmes de Jean Renoir, André Malraux, Glauber Rocha, Jean-Luc Godard, Jan Nemec, Alain Tanner e, em primeiras apresentações na Cinemateca,  Yawar Mallku / Sangue de Condor de Jorge Sanjines (1969) e Attica de Cinda Firestone (1972). O documentário Chamo-me António da Cunha Telles, de Alvaro Romão, produzido por Isabel Chaves para Hora Mágica (2011), é também um filme em exibição.
             
BREVÁRiO

¨Porto Editora re-edita O Homem Duplicado (2002) de José Saramago (1922-2010). IMAG.38-75-155-158-196-198-224-241-245-252-263-268-311-331-385-394-412-475

¨Em Setúbal, Centro de Estudos Bocageanos / CEB edita A Serra da Arrábida Na Poesia Portuguesa - colectânea com selecção de António Mateus Vilhena e Daniel Pires. IMAG.32-42-151-436

¨Casa das Letras edita Sono de Haruki Murakami; tradução de Maria João Lourenço. IMAG.337

¨Presença edita Quando o Cuco Chama de Robert Galbraith, aliás J.K. Rowling; tradução de Ana Saldanha, Maria Georgina Segurado e Rita Figueiredo. IMAG.5-62

¨Assírio & Alvim re-edita Obscuro Domínio de Eugénio de Andrade (1923-2005). IMAG.33-45-150-248-303-326-389-423-432-460-485-518

¯Universal edita em CD, White Light / White Heat - DeLuxe Edition por The Velvet Underground. IMAG.189

¨Antígona edita As Portas da Percepção de Aldous Huxley (1894-1963); tradução de Paulo Faria. IMAG.71-165-332-444-475-510